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RESUMOS DAS DISSERTAÇÕES DE MESTRADO
DEFENDIDAS EM 2003



UMA ABORDAGEM COMPARATISTA ENTRE A ROSA DO POVO, DE CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, E DIE NIEMANDSROSE, DE PAUL CELAN

Autora: Milene Vânia KLOSS
Orientadora: Rosani Úrsula Ketzer UMBACH

Frente à necessidade de rejeitar a natureza superficial da aparência, na sociedade moderna capitalista, e mostrar a verdadeira essência do mundo, a arte modernista surge como instrumento de combate contra a reificação. Na visão de Adorno, ela assume caráter de engajamento, tendo como um de seus principais objetivos o resgate da consciência crítica do homem, despertando nele o interesse para com os problemas sociais que o cercam. Nesse sentido, ambas as obras A Rosa do Povo (1945), de Carlos Drummond de Andrade, e Die Niemandsrose (1963), de Paul Celan, podem ser consideradas exemplos de trabalhos engajados. Tanto o poeta brasileiro, quanto o alemão (cada qual forte representante de sua literatura nacional) foram influenciados, de diferentes modos, por contextos expressos em suas obras. Nesta dissertação, objetivou-se avaliar as condições históricas e sociais, em que ambas as produções artísticas, acima mencionadas, foram concebidas, com a finalidade de verificar o modo com que os poetas compreenderam e representaram, em seus poemas, a verdadeira essência do mundo, no período da II Guerra Mundial. Por acreditar que a produção artística é o resultado de uma fusão entre o método individual de criação e do método comum, cujos traços, inerentes à maioria dos escritores, caracterizam uma certa corrente artística e literária, adotou-se o método da "confrontação complexa", proposto pelo comparatista literário Söter - o qual acreditou ser possível realizar comparações literárias através de analogias. Verificou-se que ambos os poetas, Drummond e Celan assumiram, em seus poemas, postura de agentes da crítica social. Eles não somente poetizaram os problemas individuais enquanto drama coletivo, como também denunciaram uma sociedade doente e em constante processo de autodestruição, por falta de atitude crítica auto-reflexiva e de amor ao próximo.

 

NO PORÃO DA MEMÓRIA: O CÁRCERE, A LUTA E O APRENDIZADO

Autora: Joselaine Brondani MEDEIROS

Orientadora: Rosani Úrsula Ketzer UMBACH

 

Este trabalho objetiva uma inter-relação entre áreas do saber, como a Literatura, a História e a Sociologia, para se interpretar a sociedade brasileira na década  de 30 e a sociedade representada na obra Memórias do Cárcere, de Graciliano Ramos. À medida que esse intercâmbio ocorre, há uma melhor apropriação da relação texto-contexto, visto que se leva em conta que o autor sofre influências do meio social em que está inserido, representando-o na ficção, e que ele reconstitui acontecimentos (como a Revolução de 30 e a implantação da ditadura), possibilitando, muitas vezes, novos olhares à História. Pode-se dizer que, em Memórias do Cárcere, a História será resgatada, sob esse novo olhar, já que o narrador rememora o período em que esteve preso em 1936. Os "vazios" da história social e política da década de 30 emergem, sendo sinônimo de violência, autoritarismo e desumanização, tanto que a obra instiga questionamentos em relação à historiografia oficial. Nela há também a voz dos excluídos, dos que, diante o Sistema opressor, não têm a mínima significância. O testemunho, nesse sentido, abre um novo espaço para os silenciados. Com relação ao testemunho, pretende-se discutir a questão da memória e do trauma, ou seja, da dificuldade que o narrador pode enfrentar ao se deparar com um fato tão doloroso que se torna inarrável. Finalmente, como arcabouço teórico, serão utilizados os pensadores da escola de Frankfurt, sobretudo Walter Benjamin, tendo em vista que ele repensa conceitos teóricos à luz da Filosofia, da História e da Sociologia.

 

POESIA E HISTÓRIA EM AURELIANO DE FIGUEIREDO PINTO

Autor: João Luis Pereira OURIQUE

Orientadora: Rosani Úrsula Ketzer UMBACH

 

Esta dissertação, realizada por meio de pesquisa bibliográfica, tem o intuito de resgatar a obra poética de um dos mais importantes poetas regionalistas do Rio Grande do Sul: Aureliano de Figueiredo Pinto. Com fundamentação teórica na Escola de Frankfurt, esta pesquisa evidencia que os seus poemas apresentam uma visão do homem simples do campo, seus versos caracterizam a figura do gaúcho, humanizando-a sem, no entanto, desvalorizá-la. Nessa perspectiva, há a contribuição para a aproximação da literatura com o processo de construção da sociedade através de uma abordagem comparatista com ênfase na sociologia literária. Também é ressaltado que, no contexto de sua produção, há a preocupação com os problemas sociais vividos pelo gaúcho, contribuindo para o processo de desmitificação. Dessa forma, este trabalho demonstra que Aureliano busca mais do que um resgate dos costumes e tradições locais, pois evidencia que seus versos são sustentados por experiências de vida visando criticar as desigualdades sociais e as condições de submissão impostas à população por regimes autoritários existentes no Brasil e no Rio Grande do Sul nas primeiras décadas do Século XX.

 

UMA VARANDA EM OUTROS PÁRAMOS: O REAL-MARAVILHOSO EM MIA COUTO E JUAN RULFO


Autora: Soní Pacheco de MOURA
Orientadora: Rosani Úrsula Ketzer UMBACH


A dissertação tem como eixo norteador o caráter emancipatório do realismo maravilhoso. Sua presença nas obras A varanda do Frangipani, de Mia Couto, e Pedro Páramo, de Juan Rulfo, é representativa de uma postura de rompimento com os moldes tradicionais de escrita. Nesse sentido, o pressuposto que serve de alicerce para esse estudo é o de que a literatura desempenha um importante papel no processo de reconstrução identitária das sociedades de passado colonial. Estas, desenvolvidas sob o estigma da inferioridade e da dependência, encontram na subversão da forma literária o poder de subverter, também, a historiografia oficial e seu discurso unívoco e discriminatório. Tais hipóteses encontram sustentação na sociologia, sobretudo na Escola de Frankfurt, cujos pressupostos apontam para um processo de revisão histórica, a partir do qual passam a ser ouvidas as diferentes versões dos fatos históricos, e não apenas a visão dos vencedores. O trabalho constitui-se de três capítulos: no primeiro são tecidas algumas considerações sobre identidade, comparatismo, sociologia e a história de México e Moçambique. Em "Novas formas de dizer", o segundo capítulo, são tratadas as questões relacionadas ao rompimento com a forma tradicional de narrar. No terceiro e último capítulo, concentra-se a análise das obras e uma discussão sobre as convergências e divergências entre as mesmas, bem como sobre seus possíveis significados.



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