Trabalhos dos Alunos
Semestre 2000/1
Exemplo de Exame Físico de Enfermagem na Pediatria
Estudo de Caso: Hidrocefalia
Semestre 2000/2
Seminário: Depressão Infantil; Depressão na Adolescência
Semestre 2001/1
Semanário: Anorexia na Infância; Dor Abdominal
Exemplo de Exame Físico de Enfermagem na Pediatria: Criança normoencefálica, cabelos castanho escuro, sem oleosidade, ausência de lesões no crânio e face, apresentando face simétrica com movimentos normais, completa. Com boa acuidade visual, mucosa ocular rósea e sem particularidades, pupilas isocóricas e fotorreagentes. Pavilhões auriculares simétricos, sem lesões, com boa acuidade auditiva, canais com pequena quantidades de cerúmem, sem secreções. Narinas alinhadas, sem lesões ou secreções, mucosa corada e úmida, lábios corados, língua na linha média, com mobilidade total e resistente, sem lesões ou fascilculações.
Pescoço simétrico, sem entumescimento ou linfonodos palpáveis, com mobilidade ativa e passiva livre e sem dor, tireóide não palpável e ausência de vascularização visível, ausência de frêmitos, pulso carotídeo palpável.
Ao exame físico do tórax apresenta: tórax simétrico, implantação dos membros simétricos, respiração torácica com murmúrio vesicular audível, sem estertores ou sibilos, frêmito tóraco-vocal regularmente distribuídos. Pele um pouco ressecada em região escapular. Coração com presença da 1ª e 2ª bulha cardíaca audível, com ictus cordis não visível e palpável, com duas polpas digitais, localizado na linha hemiclavicular, na altura do quarto espaço intercostal, com ritmo regular em dois tempos (tum-tac), batimentos normoliformes, sem sopros ou atritos.
Abdomem simétrico, com cicatriz umbilical plana, sem alterações na parede abdominal, ruídos hidroaéreos presentes, fígado e baço não palpáveis.
Membros superiores com unhas limpas e curtas, sem descamação, braço e antebraço sem cicatrizes, pele íntegra e rede venosa pouco visível, com bom tônus muscular.
Membros inferiores com extremidades aquecidas, pele íntegra, presença de manchas esbranquiçadas nos membros inferiores, pés sem alterações, unhas limpas, membros inferiores com musculatura eutrófica e eutônica, com movimentos preservados.
Genitais sem lesões, sem sujidade e sem secreções presentes.
Sinais Vitais: # PA: _____mmHg;
# FC:150bpm;
#FR:40mpm;
#T: 36,3ºC;
********** ALTURA: _____ cm e PESO:6795g
Elaboração: Ac. De Enf. Do 6º Sem.:Fábio Ramos Londero
Revisão: Profª Enfª Adriana de C. R. Krum e alunos do 6º Semestre: Izabel Hoffmann, Lisiane Recke, Caren Laís, Claudiane Botoli e Júlio C. Rodrigues.Santa Maria/RS - Agosto/2000
Elaborado: Izabel Cristina Hoffmann
Conceito : é uma entidade patológica caracterizada pelo acúmulo excessivo de líquido cefaloraquidiano (LCR), geralmente sob pressão, em decorrência de drenagem obstruída ( estenose do aqueduto de Sylvius), produzindo a dilatação passiva dos ventrículos. As variações nas manifestações dependem sobretudo da localização da obstrução e da idade em que a obstrução ocorre.
Fisiopatologia : podem ser classificadas em três causas:
# Secreção excessiva: causada por papiloma do plexo corióide, ou tumor composto de um grande conglomerado de estruturas coróides semelhantes ao plexo coróide, o qual produz grandes quantidades de líquido cefalorraquidiano.
# Não-comunicante (intraventricular): a circulação do líquido cefalorraquidiano está obstruída em algum lugar do sistema ventricular, impedindo seu fluxo para os espaços subaracnóides. Esse tipo é às vezes chamado hidrocefalia obstrutiva.
# comunicante (extraventricular): não há interferência no fluxo de líquido cefalorraquidiano no interior do sistema ventricular. As passagens encontram-se abertas, de modo que o LCR movimenta-se livremente p/ o espaço subaracnóide., espinhal, porém não é absorvido do espaço subaracnóide cerebral.
A maioria dos casos de hidrocefalia não-comunicante decorre de malformações do desenvolvimento, e embora o defeito geralmente se evidencie no início do 1º ano de vida, pode tornar-se visível em qualquer época, desde o período pré-natal até o fim da infância ou no início da idade adulta. Outras causas incluem neoplasias, infecções e traumatismo.
Do nascimento aos dois anos de idade, a maioria dos casos de hidrocefalia resultam da malformação de Arnold Chiari (uma anomalia congênita na qual o cerebelo e o bulbo se estendem através do forame magno), estenose do aqueduto ou um tumor glial do aqueduto.
É freqüente a hidrocefalia ser acompanhada de MIELOMENINGOCELE.
No restante dos casos, há história de infecção intra-uterina, hemorragia perinatal (anóxica ou traumática) e meningoencefalite neonatal (bacteriana ou viral).
Quadro Clínico : * Aumento excessivo do perímetro cefálico; * Sinal do “sol poente”; Fontanela tensa; * Veias do couro cabeludo ingurgitada; * Hipertensão intracraniana; * convulsão; * retardo no desenvolvimento ( os atos reflexos iniciais podem persistir, e as respostas normalmente esperadas não acontecem, indicando a incapacidade de desenvolvimento da inibição cortical normal); dificuldade na sucção e alimentação; * choro estridente, curto e agudo; * êmese; * sonolência; * dificuldade cardiopulmonar; * coriorretinite ou microftalmia ( nas cças que sofreram infecção fetal); * Irritabilidade; * opistótono; * espasticidade dos MMII;
Sinais e sintomas na infância: cefaléia ao acordar; vômito, edema de papila, estrabismo, sinais do trato extrapiramidal, como ataxia
OBS: não significa que todos estes sinais e sintomas apareçam ao mesmo tempo, é um processo evolutivo.Avaliação Diagnóstica: Perímetro cefálico diário; tomografia axial computadorizada( revela ventrículos aumentados).
Tratamento : CIRÚRGICO: remoção da obstrução (tumor, cisto ou hematoma), desvio (bypass) ventricular p/ o canal intracraniano normal ou bypass ventricular p/ um compartimento extracraniano; Shunt ventrículo-arterial ou Shunt ventrículo-peritoneal (drenagem do líquido de um ventrículo lateral p/ um compartimento extracraniano através de uma passagem artificial, com válvulas de direção única ou catéteres. – complicações: torcedura ou separação do catéter, às infecções bacterianas
# # a taxa de sobrevivência em cça c/ hidrocefalia cirurgicamente tratada e c/ assitência clínica e neurocirúrgica contínua é de +/- 80%, quando sobrevivem 1/3 é normal tanto intelectual como neurologicamente, outra metade apresenta incapacidade neurológica.Apoio Emocional : Uma responsabilidade de enfermagem importante é ajudar os pais a lidarem c/ a cça hidrocefálica ou a cça c/ um shunt funcionante; explicar aos pais s/ o motivo da hospitalização (shunt, infecção, diagnóstico). Os pais temem sobremaneira qualquer procedimento que envolva o cérebro, e seu temor de retardo ou lesão cerebral é muito intenso e profundo.
A enfermagem pode amenizar a ansiedade dos pais através de explicações sobre os princípios que norteiam as várias atividades médicas e de enfermagem, tais como posicionamento e os exames, simplesmente demonstrando sua disposição e vontade de ouvir suas preocupações.
ASSISTÊNCIA DE ENFERMAGEM À CRIANÇA COM HIDROCEFALIA
METAS RESPONSABILIDADESAvaliação à hidrocefalia Auxiliar na avaliação diagnóstica
- Medir diariamente o perímetro cefálico;
- Exame da fontanela (sinais de abaulamento, tensão e separação);
- Observar quanto a sinais de hipertensão intracraniana;
- Auxiliar nos procedimentos de diagnóstico quando necessário, por exemplo, punção ventricular, transiluminação;Prevenção de úlceras de decúbito na cabeça
* Instituir medidas de higiene geral e cuidados de pele;
* Mudar a posição a cada duas horas; ao movimentar manter a cabeça apoiada p/ evitar tensão extra sobre o pescoçoPrevenção de complicações pós-operatórias
- Manter a criança em decúbito horizontal para evitar edema subdural;
- Mudar o decúbito a cada duas horas para evitar pneumonia hipostática;
- Controle dos sinais vitais; (qdo. elevados podem indicar infecções e ou alterações)
- Posicionar a criança sobre o lado não-operado (prevenir pressão s/ a válvula de shunt);
- Observar quanto a sinais de infecção ou de hipertensão intracraniana;
- Observar e manter os cuidados de shunt e sítios de cirurgia;
- Observar e avaliar o nível de consciência.
- Evitar a sedação;Manutenção da hidratação e da nutrição
* Instituir horários de refeições flexíveis;
* Oferecer refeições pequenas e freqüentes;Aplicação de medidas de conforto
- Realizar higiene geral;
- Proporcionar estimulação tátil;
- Encorajar a participação dos pais aos cuidados;Redução da ansiedade dos pais
- Oferecer apoio aos pais;
- Explicar os procedimentos e o plano médico;
- Responder às perguntas;
- Oferecer orientação antecipada;Orientação quanto à assistência pós-hospitalização
- Encaminhar a instituição adequada (saúde pública, serviço social, serviços especiais de pediatria);
- Providenciar colocação em instituição de assistência a longo prazo.Bibliografia:
Whaley & Wong, Enfermagem Pediátrica: elementos essenciais à intervenção efetiva.
2 ed. RJ: Guanabara & Koogan, 1989.
Marcondes, Eduardo. et al. Pediatria Básica. 7 ed. Volume I, SP: Sarvier, 1985.“O que faz os sonhos se realizarem são as ações positivas e orientadas para os objetivos.” (David McNally)
Estudo de Caso na Pediatria (6º andar/HUSM) - Ago/2000 –
DEPRESSÃO NA ADOLEDSCÊNCIA Elaboração: Lisandra da Silva e Luciano Vilmar Albrecht 1–INTRODUÇÃO
De acordo com DUNCAN et al (p 154, 1996) “a adolescência corresponde a um período longo do desenvolvimento humano, que se estende dos 10 aos 20 anos de idade e se caracteriza por grandes transformações físicas e psicológicas”. Uma das principais tarefas da adolescência é a separação entre o adolescente e sua família, que pode ocorrer de maneira tumultuada gerando temor e confusão, pelo desejo de liberdade e autonomia simultaneamente com o desejo de se manter próximo às figuras parentais protetoras. Por esta ambivalência temos os conflitos contínuos entre o adolescente e seus pais.
O adolescente encontra-se em uma luta intrapsíquica, tentando estabelecer um novo equilíbrio psicológico por estar em conflito num período crítico do desenvolvimento numa época de grande estresse, ocasionado por uma sociedade pós-industrial neoliberal, altamente complexa na qual vivem. O estresse da cultura ocidental contemporânea pode levar à alienação, aflição e desespero provocando problemas emocionais nos adolescentes.
Os adolescentes podem desenvolver muitos transtornos mentais, pelos motivos descritos acima, sendo um destes a depressão, evidenciando-se assim a necessidade de um comportamento mais observador dos profissionais da saúde em relação ao tema. Estamos comumente associando depressão a adultos, pois são eles que estão sendo testados constantemente por esta sociedade que tende a valorizar e igualar o sucesso com a atividade, fazer as coisas por si próprio, estar ocupado, relacionar-se ativamente com outras pessoas, e não percebemos o quanto estas cobranças sociais juntamente com fatores típicos da adolescência acabam afetando os jovens.2 – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE DEPRESSÃO
A depressão pode ser caracterizada, segundo DUNCAN (p 550, 1996) “...como uma alteração do humor ( o qual pode ser definido como uma emoção prolongada ou mantida que domina a vida psíquica)...”, e seu inverso é chamado de mania.
Os sintomas da depressão são variados e podem ser agrupados em psicológicos (tristeza, irritabilidade, choro, idéias de culpa e suicídio, abatimento, desânimo, infelicidade) e somatovegetativos (diminuição do apetite, perda de peso, insônia ou hipersônia, queixas físicas como tonturas, constipação, cefaléia).
Em um diagnóstico, além dos sintomas é preciso considerar a história pessoal/familiar passada de depressão ou mania, e a história pessoal/familiar passada de resposta positiva ao uso de antidepressivos. Em uma depressão patológica encontram-se: alterações importantes das funções corporais, redução do desempenho em atividades diárias, idéias ou atos suicidas e excessiva intensidade dos sintomas.
As alterações do humor podem ser classificadas pela seguinte relação:
1- Reação depressiva normal;
2- Síndromes orgânicas do humor;
3- Transtornos do humor;
3.1- Transtornos depressivos;
3.1.1- Depressão maior;
3.1.2- Distimia;
3.2- Transtorno bipolar;
3.2.1- Mania;
3.2.2- Ciclotimia.
Referem-se à depressão os seguintes itens:
- A reação depressiva normal: que se segue após uma perda significativa sofrida pela pessoa e será tanto mais intensa quanto mais significativo for o valor da perda. Constitui-se numa resposta afetiva adequada e previsível a situação surgida. Comumente não exige tratamento medicamentoso.
- Os transtornos do humor: vão além da reação normal de tristeza, possuindo etiologia multifatorial, como fatores genéticos, bioquímicos, neuroendócrinos, psicológicos e ambientais, sendo que o tratamento vai ser orientado na busca da normalização do humor.
- A depressão maior: é um transtorno que começa geralmente por volta dos 40 e 60 anos e em mais freqüência nas mulheres sendo a sintomatologia anteriormente descrita.
- A distimia: é um transtorno crônico do humor depressivo, na maioria do dia, com duração de 2 anos, sendo que nos adolescentes o humor pode ser irritável e ter duração de pelo menos 1 ano. Os sintomas são a diminuição do apetite ou hiperfagia, insônia ou hipersônia, baixa alto-estima, dificuldade de concentração, etc. Não atingindo a gravidade da depressão maior.
- O transtorno bipolar: acontece no adulto jovem quando a primeira crise ocorre antes dos 30 anos, alternando mania ou hipomania com depressão. Estes transtornos ocorrem igualmente em ambos os sexos.2.1 – Suicídio
Todo o paciente deprimido requer uma avaliação quanto ao risco de suicídio e é necessário principalmente quando existem idéias de suicídio espontaneamente mencionadas ou não, história de tentativas, história familiar, etc.
Uma vez estabelecido que o risco de suicídio é significativo, de acordo com DUNCAN (p 555, 1996) “...a hospitalização e a avaliação psiquiátrica são necessárias...”, já que os transtornos psiquiátricos estão presentes em cerca de 90% das pessoas que tentam suicídio. Nos casos em que o risco é menor deve-se avaliar e levar em conta fatores como o apoio familiar, proximidade de atendimento, para que o paciente possa realizar o tratamento em sua própria residência.3 – CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE ADOLESCÊNCIA
A adolescência é um período que corresponde uma boa etapa do desenvolvimento humano e que se estende dos 10 aos 20 anos de idade, marcada por transformações no que tange ao físico e psicológico. É uma fase em que se padece, salvo doença crônica, de sintomas psicossomáticos ou dificuldades psicossociais mais do que de doenças orgânicas propriamente ditas, pois estas transformações psicológicas e as pressões familiares costumam agravar o quadro clínico das doenças adquiridas nesta fase.
Atualmente a adolescência é caracterizada em três etapas: a) adolescência precoce (dos 10 aos 14 anos), fase em que os esforços convergem para habituarem-se às modificações do corpo, procuram estabelecer progressiva independência e separação dos adultos e tenta livrar-se das amarras da infância; b) adolescência média (dos 15 aos 17 anos), procuram melhorar sua imagem através do vestuário e físico, e a conduta costuma ser estereotipada, grupal, busca a identidade, satisfação sexual e um lugar na sociedade; c) adolescência tardia (dos 17 aos 20 anos), emergem-se os valores comportamentais adultos e cristalizam-se uma identidade estável, o relacionamento com o companheiro torna-se mais íntimo e afetuoso, buscam estabilidade e elaboram sistema de valores.4 – DEPRESSÃO NA ADOLESCÊNCIA
De acordo com MAAKAROUN et al (p 507, 1991) “...uma das maiores fontes atuais de depressão está no fato de muitos seres humanos estarem fazendo coisas que não querem fazer, mas que outros esperam que eles façam”. Isto fica bastante claro na adolescência precoce quando o adolescente é retirado da cama e levado para a escola que freqüentemente não é de sua escolha, na qual lhe ensinam matérias que ele não foi chamado a opinar e deles esperam notas que satisfaçam a competitividade de seus pais.
4.1 – Sinais e sintomas
Podem ser os mais variados possíveis, como de obsessão excessiva e notas altas, alta promiscuidade sexual, excessiva demonstração de afeto e carinho, completo vandalismo e comportamento anti-social. Porém, é necessário termos em mente que todo o ser humano tem seus momentos de depressão e pode se expressar das mais diversas maneiras.
Existem fatores que atenuam os quadros de depressão e que não a deixam se transformar em algo mais sério, como por exemplo: uma família sensível e bem estruturada, uma cobrança mais branda, a presença de um amigo constante e sólido com receptividade para conflitos emocionais. Outro fator é a fé religiosa, pois as religiões judaico-cristãs condenam o suicídio e encerram represálias religiosas a aqueles que o cometem. A raça também influi e indivíduos da cor branca são mais propensos do que os de outras.4.2 – Tratamento
De acordo com MAAKAROUN (p 509, 1991) “O tratamento psicológico-terapêutico mais eficaz é a instituição de uma psicoterapia familiar. Esta tem a vantagem de englobar todos os membros dessa coletividade que lida ou contribui direta ou indiretamente com a problemática do indivíduo e vice-versa”. Sendo assim, o foco da atenção não será o indivíduo “doente” e será a família, oportunizando assim manifestação de todos e integração na resolução.
Sob este foco o tratamento se faz no sentido de mostrar o positivo, canalizar o positivo, ver o positivo. Demonstrar que não existem emoções boas ou ruins, mas que todas são normais e necessárias ao habitual funcionamento emocional do humano. As emoções ruins também têm suas funções, como alertar que algo não está bem e que devemos descobrir porque, para que então possamos nos libertar dos problemas que nos afligem.
A terapia medicamentosa não é indicada para indivíduos deprimidos nesta faixa etária, uma vez que não respondem favoravelmente a este tipo de abordagem. O uso de sedativos e tranqüilizantes também não é indicado pois não resolvem o problema básico como também cria uma dependência psíquica, transmitindo a idéia de pílulas mágicas. As drogas antidepressivas devem ser reservadas ao adulto mais velho portador de uma característica típica de depressão endógena, como alteração peso-apetite, alteração do sono, apatia, frustração, perda de libido, entre outros.4.3 – Atenção de enfermagem
A atenção aos adolescentes é uma necessidade nos dias atuais, e representa um desafio às habilidades do profissional de enfermagem. O enfermeiro deve prestar atividades de educação e assistência, e ajudar nos problemas e dificuldades apresentados pelo adolescente.
Deve ajudar o adolescente a identificar e a explorar aspectos de sua saúde, fornecer conhecimentos sobre o funcionamento orgânico do corpo, discutir higiene, estabelecer conceitos errôneos ligados a tabus e preconceitos, incentivar o autocuidado, mostrando-os que são capazes e compreendidos, e, desta forma, procurar prevenir a depressão na adolescência. O enfermeiro deve ainda prestar atenção à família do adolescente, esclarecendo dúvidas e explicando sobre comportamentos específicos desta fase do desenvolvimento.5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
Crianças e adolescentes vivem um período complexo e dinâmico de diferenciação e maturação, necessitando de condições favoráveis para realizar sua transição à vida adulta. As manifestações podem ser tanto positivas quanto negativas ou destorcidas por situações de risco que irão comprometer a seqüência das etapas do desenvolvimento.
O tratamento do adolescente deprimido tem resultado satisfatório sendo recompensador pela rapidez com que as dificuldades são resolvidas. Mas para preservar a saúde integral durante esta e qualquer outra fase da vida é necessário fortalecer os fatores protetores, prevenindo os fatores de risco. Como fatores protetores temos o bom relacionamento familiar, educação, apoio emocional, trabalho apropriado, acesso aos serviços de saúde. Como fatores de risco temos a violência na família, desnutrição, ansiedade, abandono, etc.
Para que seja viabilizada a proteção a saúde integral, é necessário uma política de saúde e educação que propicie o acesso de toda a população a saúde; diálogo entre adulto e adolescente de forma franca; e oportunizar educação em saúde, fortalecendo assim a promoção a saúde.6 – BIBLIOGRAFIA
- DUNCAN, B. Bruce, et al. Medicina Ambulatorial: Condutas clínicas em Atenção
Primária. 2ª ed. Porto alegre: Artmed, 1996.
- TAYLOR, Cecelia M. Fundamentos de Enfermagem Psiquiátrica: de Mereness.
13ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992.
- KYES, Joan J., HOFLING, Charles K. Conceitos Básicos em Enfermagem
Psiquiátrica. 4ª ed. Rio de Janeiro: Interamericana, 1985.
- MAAKAROUN, Marília de Freitas, SOUZA, Ronald Pagnoncelli de, CRUZ, Amadeu
Roselli. Tratado de Adolescência: Um Estudo Multidisciplinar. Rio de Janeiro:
Cultura Médica, 1991.Seminário - Dezembro 2000
Elaboração: Mariana Zimpel e Raquel Mortari
Qualquer pessoa, em qualquer momento de sua vida pode ser acometida de depressão. Para a Sociedade Brasileira de Psiquiatria Clínica a depressão é uma doença que afeta pensamentos, sentimentos, saúde e comportamento.
Na depressão, o paciente pode apresentar humor depressivo, com crises de choro, diminuição da auto estima, sentimentos de inferioridade, energia diminuída, distúrbios de sono e apetite com conseqüente mudança de peso, pensamentos de morte, irritabilidade, delírios de pobreza e sintomas paranóides.
Em crianças há a dificuldade na verbalização do sofrimento associado á depressão, entretanto, surgem sinais característicos, como: Diminuição do desempenho escolar, a criança pode tornar-se dependente e apegada ou agressiva e afastada, prefere realizar atividades solitárias e apresenta lentidão de pensamento. No quadro abaixo, seguem algumas características das crianças em depressão.CARACTERÍSTICAS DAS CRIANÇAS COM DEPRESSÃO
A depressão infantil, para Lipp apud Ballone e Chaves (1992) classifica-se em:
- Depressão biogenética: As crianças que sofrem de depressão na forma biogenética apresentam expressões de lassidão, isolamento, dificuldades escolares com uma escrita apagada e desenhos tristes, e são freqüentemente encontrados chorando.
- Depressão Relacional: Esta forma de depressão trata-se de uma resposta ao meio que ocorre por volta do oitavo mês em quase todas as crianças, quando elas percebem que o mundo é composto por elementos díspares (bons e maus, prazerosos e sofríveis). De acordo com Ballone e Chaves (1992, pág 127) a criança “não sorri mais para qualquer estímulo, pode recusar, baixar o olhar, chorar, manifestar timidez, e mesmo gritar. Esta depressão pode ou acarretar em estados depressivos na vida adulta”.
- Depressão psicogenética: Há uma predominância de fatores ambientais sobre endógenos Surge especialmente em crianças com pouca tolerância a frustrações.O tratamento de crianças depressivas deve englobar farmacoterapia e psicoterapia. Os fármacos mais utilizados são os antidepressivos tricíclicos como a Imipramina e Maprotilina. Na psicoterapia as atividades em grupo devem ser estimuladas e a criança deve realizar tarefas simples que aumentem sua auto estima O manejo de crianças depressivas deve ser incentivador.
O papel fundamental do enfermeiro está no reconhecimento precoce da depressão infantil, que engloba, segundo Whaley & Wong (1999) uma história cuidadosa que leva em consideração a saúde individual e familiar, crescimento e desenvolvimento social.
É importante que pais e professores sejam orientados sobre a importância de ações adequadas na detecção e tratamento da depressão infantil.BIBLIOGRAFIA
BALLONE, Geraldo J., CHAVES, Pedro H.de A.P. Sinopse de psiquiatria:Diagnóstico & tratamento. Rio de Janeiro: Editora Cultura Médica Ltda, 1992 .
FELDMANN,Harald. Psiquiatria e psicoterapia. 9°ed.Rio de Janeiro: Interamericana, 1986.
KAPLAN, H.,SADOCK,B.Compêndio de psiquiatria dinâmica. 1°ed. Porto Alegre:Artes Médicas,1984.
WAHLEY & WONG. Enfermagem pediátrica. 5° ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1999.Seminário - Dezembro 2000
Elaborado: Josiane Carneiro e Kysie Flores
Define-se anorexia ou inapetência como a redução , perda ou falta de apetite.
O apetite pode ser considerado como um mediador entre os impulsos e ou sinais fisiológicos e os fatores ambientais e psicossociais .Desta forma o apetite integra a cadeia de eventos que define o fenômeno da nutrição desde o próprio alimento até a vitalidade do organismo. O desejo de comer é, portanto, fundamental para nossa sobrevivência
.O apetite, como reflexo condicionado, fundamenta-se na “memória” dos sentidos da visão, do olfato e do paladar. E os seus mecanismos de regulação estão localizados fora do trato gastrointestinal.
A ingestão de alimentos está regida por mecanismos homeostáticos de estimulação e inibição, controlados por centros hipotalâmicos, por sua vez influenciadas pelo córtex cerebral.
O apetite resulta da combinação de estímulos internos neurofisiológicos e externos ambientais que determinam o aparecimento de reflexos de ingestão e preferência ou de reflexos de expulsão e aversão; e isto constituirá o comportamento do indivíduo. O apetite, portanto, além de estar ligado ao aspecto fisiológico, está também relacionado à aspectos psicológicos{sensações profundas e emoções}.
A necessidade alimentar de uma criança também é influenciada pelos mesmos aspectos{fisiológicos e psicológicos},sendo que esta, deve ingerir uma quantidade de alimento que lhe satisfaça a vontade de se alimentar e que lhe assegure o bom crescimento e desenvolvimento.
Desta forma, define-se anorexia verdadeira, inapetência ou simplesmente falta de apetite, a condição na qual a criança não ingere a quantidade de alimento necessária para seu crescimento e desenvolvimento normais. Ocorre juntamente com febre, vômito, diarréia e alterações do humor.
Considera-se também a pseudo-anorexia, que ocorre devido a dor ou dificuldade para deglutir {estomatite e fissura palatina}
.Já a falsa anorexia pode ser entendida como as situações nas quais a criança come pouco{na opinião de seus familiares} porém apresenta crescimento e desenvolvimentos normal.
Por outro lado, a anorexia pode ser aguda ou crônica ,conforme a duração da mesma, sendo que não há limite entre as duas formas.PRINCIPAIS CAUSAS DA ANOREXIA VERDADEIRA:
1 - Crianças portadoras de anorexia por agressões emocionais{nascimento de irmão e consequente ciúme; ausência de um dos pais por separação ou falecimento; alterações do grupo familiar; dificuldades escolares; falta de oportunidade de vida ao ar livre .
- causas orgânicas: traumatismo obstétrico no RN ;icterícia fisiológica do RN; obstáculos no trânsito gastrointestinal ; infecções ; parasitoses ; desnutrição ;anemia ; raquitismo.
- causas psicossociais: distúrbios emocionais da criança ; distúrbios da dinâmica familiar ; insistência, escassez de atividade física ; cansaço ; condições ambientais desagradáveis.
- causas dietéticas: monotonia alimentar ; peculiaridades quanto ao sabor, odor e temperatura do alimento ; técnicas inadequadas de ministração do alimento.
- causas psíquicas{dividem-se em dois grupos}:
2 - Crianças nas quais os problemas estão ligados a técnica de oferta{conhecido como anorexia neuropática: bloqueio do apetite por um agravo emocional específico – agradar, insistir, forçar para que a criança receba maior quantidade de alimento que ela deseja.
– tratar e minimizar as patologias causadoras ; CUIDADOS DE ENFERMAGEM NO TRATAMENTO DA FALTA DE APETITE:
– dar apoio emocional a criança
– orientar os pais para disciplinar a criança quanto a horários e excesso de guloseimas em horas impróprias ; - organização do programa de atividades físicas diárias
– educação da criança ;
– orientar os pais para que introduzam gradualmente os alimentos na dieta da criança, sem carga afetiva{prazo de 2 a 3 dias de obs.} ;
– propiciar a criança dietas variadas ,equilibradas agradáveis ao paladar e psiquismo ;
– orientar os pais em relação a dieta da criança levando em conta o nível sócio-econômico e o padrão cultural da família.- até o segundo ano de vida os horários devem ser flexíveis, a partir do segundo ano devem adaptar-se as rotinas da casa ; PREVENÇÃO DA FALTA DE APETITE:
- no caso de aleitamento materno, os horários das mamadas devem ser livres ;
- proporcionar a criança alimentação variada e de forma gradual ,o que permite o seu desenvolvimento e aperfeiçoamento do apetite ;
- respeitar preferências e aversões ,minimizando a monotonia alimentar ;
- possibilitar ambiente agradável e condições adequadas no momento das refeições ;
- as refeições devem Ter ritmo moderado, os alimentos temperatura adequada ;
- não insistir e nem fazer agrados e distrações para que a criança coma mais, deixando-a livre para comer o quanto quiser ;
- oferecer pratos agradáveis para estimular o apetite.FONTE: Pediatria Básica, volume 1 . – Eduardo Marcondes e Pedro Alcantara, 2 ed.,editora Sarvier ,SP,1968.
Seminário: Abril 2001
DOR ABDOMINALElaboração: Angelita dos Santos Beltrão e Taciana de Castilhos Cavalcanti
DOR ABDOMINAL PAROXÍSTICA (CÓLICA)
A cólica é descrita como dor ou cãimbra abdominal paroxística, que se manifesta por choro alto, inconsolável e retração das pernas.
Muitas teorias tem sido postuladas como possíveis fatores etiológicos: alimentação muito rápida, ingesta excessiva, deglutição de grande quantidade de ar, técnicas inadequadas de alimentação, estresse ou tensão emocional entre os pais e as crianças, etc. Acredita-se que a cólica seja causada por fermentação excessiva e produção de gases no intestino. A ingestão exagerada de carboidrato produz flatulência.
Embora a cólica seja um incômodo menor, um lactente choroso pode acarretar impacto emocional na ligação pais-filho e na dinâmica familiar. Mães relatam histórias de cólicas diárias que se acompanham de sentimentos de frustração, raiva, culpa e impotência, na qual a ansiedade pode ser transferida ao lactente, o que aumenta a irrabilidade e o choro deste.CONSIDERAÇÕES DE ENFERMAGEM
O passo inicial para o tratamento da cólica é a obtenção de uma história detalhada e completa sobre os fatos diários habituais, ou solicitar aos pais para fazer um registro durante 48 ou 72 horas. As áreas que devem ser enfatizadas incluem a dieta da mãe que está amamentando; o horário em que ocorre as crises; relação entre as crises e o horário da alimentação; presença de membros especificos da família durante as crises; atividade da mãe ou do responsável habitual da assistência à criança, antes, durante e depois do choro, e medidas utilizadas para aliviar o choro. Particularmente importante é a avaliação cuidadosa do processo de alimentação, através da demonstração por parte da mãe.
Frequentemente, não é necessária qualquer mudança nos hábitos alimentares, é preferível determinar o momento do início do choro e tentar modificar as circunstâncias a ele associadas.
Uma das áreas de preocupação mais importantes de enfermagem é o apoio aos pais durante o período de cólicas. É necessário enfatizar que, apesar do choro e da dor evidente o lactente esta indo bem. A cólica desaparece espontaneamente em geral por volta dos 3 meses de vida, embora nunca se deva garantir isso. A mãe deve ser estimulada a sair de casa e ter algum tempo livre. Mais importante, deve-se enfatizar que a cólica não é indicador de cuidados maternos inadequados ou ineficientes, seus sentimentos de insegurança a respeito de suas habilidades maternas são normais. Ela deve ser estimulada a conversar sobre esses sentimenros.
SUGESTÕES PARA O ALÍVIO DAS CÓLICAS:
- Colocar o lactente de bruços sobre uma bolsa de água quente, toalha aquecida ou almofada com aquecimento coberta, tomando-se precauções para evitar queimaduras;
- Mudar freqüentemente a posição do lactente; passear com a criança de bruços, com o seu corpo sobre o braço da mãe e a mão colocada com ligeira pressão sobre o abdome do lactente (colo para cólica);
- Evitar estimualção escessiva da criança; por exemplo,pegar o lactente do berço, porém não conversar com ele até ele relaxar; depois conversar em tom de voz suave;
- Tocar música; tentar diferentes tipos de música;
DOR ABDOMINAL NA IDADE PRÉ -ESCOLAR OU ESCOLAR As cólicas recidivantes, também chamadas de cólicas umbilicais recidivantes, são muito freqüentes em crianças. Podem se apresentar de forma aguda, já que geralmente manifestam-se em crianças sadias. Muitas vezes as dores são tão violentas que a criança se retorce, podendo ficar pálida e apresentar vômitos. Dependendo da gravidade dos sinais e sintomas pode haver indicação cirúrgica.
A dor resulta da irradiação dos nervos sensoriais localizados no peritônio, tela subserosa e víceras. Os estímulos dolorosos são trasmitidos pelas fibras pertencentes ao SNA ou pelas do Sistema Cerebros Pinal. Dependendo da estensão do processo patológico a dor generalizada ou localizada numa ou mais áreas, pode ser espontânea ou provocada pela palpação ou descompressão brusca da parede abdominal. Dor referida (irradiação e zonas de hipersensibilidade cutânea) podem ajudar na localização do foco intraabdominal.
As causas das dores abdominais são muito variadas. Podem ser por afecções dos orgãos abdominais; como doenças infecciosas: gripe, pneumonia, faringite, sarampo e por instabilidade emocional: distúrbios funcionais.
A criança não consegue localizar com precisão a dor, ela costuma,
freqüentemente, projetar a dor, independente de seu local de origem, ora na região umbilical, ora no epigástrico ou na fossa ilíaca direita e muitas não são capazes de descrever a localização.
As dores abdominais recidivantes não constituem uma entidade nosológica e sim uma síndrome, pois podem ter fundamento orgânico ou não. Podem serem desencadeadas por afecções orgânicas localizadas na cavidade abdominal, como: gastruduodenite, úlcera, enterite, ileíte catarral, linfodenite mesentérica, verminose, apêndicite crônica e ceco móvel, ou podem ser originadas pela instabilidade emocional, podendo admitir a existência de distúrbios funcionais, constituindo, por exemplo, na modificação da motricidade intestinal ou na presença de espasmos vasculares. Podem ser manifestações eqüivalentes à epilepsia ou a enxaqueca. Portanto, crianças com cólicas abdominais tanto podem apresentar alterações anátomo-patológicas como distúrbios do comportamento psíquico.Exames realizados quando há dor abdominal:
Tratamento: Difícil por não ter muitas vezes um arsenal diagnóstico extensivo com a finalidade de esclarescer a etiologia.
- Exame radiológico: somente indicado quando as dores são muito fortes ou muito freqüentes;
- Exame de suco gástrico e duodenal;
- Urografia excretora e eletroencefalograma;
- Deve-se excluir doenças orgânicas sérias antes de iniciar o tratamento, através de exames físicos: feses, urina e sangue;
- Compressas quentes e massagem suave das paredes abdominais costumam trazer algum alívio;
- Uso de antiespasmódicos;
- Psicoterapia.
FONTE: Pediatria Básica, volume 1 . – Eduardo Marcondes e Pedro Alcantara, 2 ed.,editora Sarvier ,SP,1968.
Seminário; Abril 2001