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Literatura e Autoritarismo
Dossiê "Escritas da Violência II"
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Dossiê  

OS CAPÍTULOS DE UMA PESQUISA SOBRE A CONSTITUIÇÃO DO "EU" EM MEMÓRIAS DO CÁRCERE, DE GRACILIANO RAMOS.

Eloisy Oliveira Batista1
Resumo: Este artigo é uma sucinta apresentação dos capítulos que compõem a minha dissertação de mestrado. O meu objeto de estudo é a construção do “eu” na escrita autobiográfica de Graciliano Ramos, que, em Memórias do Cárcere assume os papéis de escritor, autor, narrador e herói. Em poucas palavras, o escritor é quem vivenciou as experiências narradas, o autor é quem assina a capa dessa e de outras obras, o narrador é quem apresenta a história ao leitor e o herói é o personagem em ação nas memórias. Cada um desses elementos é desenvolvido como tema propulsor de outras questões sugeridas pela obra.'
Palavras-chave: Graciliano Ramos, memória, autobiografia, escrita de si.
Abstract: This article is a brief presentation of the chapters of my dissertation. My object of study is the construction of “I” in autobiographical writing by Graciliano Ramos, who in Memórias do Cárcere assumes the roles of writer, author, narrator and hero. In a nutshell, the writer is who lived the experiences narrated, the author is who signs the cover of this and other books, the narrator is who introduces the story to the reader and the hero is the character in action in the memories. Each of these elements is developed as a propellant theme of other issues suggested by the text.
Keywords: Graciliano Ramos, memory, autobiography, writing of himself.

1. Escritor – escrita da vida
Como causa primeira da fragilidade da identidade é preciso mencionar sua relação difícil com o tempo; dificuldade primária que, precisamente, justifica o recurso à memória, enquanto componente temporal da identidade, juntamente com a avaliação do presente e a projeção do futuro. Ora, a relação com o tempo cria dificuldades em razão do caráter ambíguo da noção do mesmo, implícita na do idêntico. De fato, o que significa permanecer o mesmo através do tempo? 2
O objetivo desse capítulo é explorar mais detalhadamente as principais fases da vida de Graciliano Ramos e, quando for conveniente, confrontar esses momentos – tão importantes para a formação do escritor das Memórias do Cárcere – com acontecimentos históricos contemporâneos.
No entanto, essa relação não pressupõe que uma história esteja inserida na outra e que uma análise documental possa mapear essa “localização”; pelo contrário, o confronto se faz necessário justamente para problematizar essas diferentes possibilidades de retomada do passado.
Por outro lado, os episódios da vida do escritor aqui recuperados não servem também à compreensão da sua obra literária, no sentido de buscar analogias; mas, de certa forma, auxiliam-nos a compreender parcialmente o “eu” da escrita das Memórias, visto que o “real” é uma das dimensões desse “eu”.
Ramos, ao oferecer ao leitor o testemunho de uma experiência vivida durante um período importantíssimo do passado brasileiro, revela ao mesmo tempo matéria referente à história e referente à sua identidade. Com relação à história, ele não veste a máscara da neutralidade3, pelo contrário, ele afirma que outras pessoas podem contar os mesmos fatos que ele conta de modo completamente diferente e ainda assim verdadeiro; pois, conforme já foi dito, a sua escrita é composta de si mesmo, o que lhe garante a originalidade.
Dessa forma, compreendemos que não só a história pode nos enriquecer a leitura da obra de Graciliano Ramos, como o inverso é verdadeiro, ou seja, a sua escrita nos apresenta uma nova perspectiva da história brasileira. Trata-se mesmo da noção de exposição, com sentido semelhante ao que Márcio Seligmann-Silva observa com relação à obra de Walter Benjamin na citação seguinte:
Benjamin não pretende no seu trabalho recontar a história do século XIX, mas sim, mostrá-la. Ele ainda esclarece que essa ex-posição (no sentido forte do termo Dar-Stellung, que também significa representação teatral: montagem) não visa nem à descoberta de eventuais verdades (‘Ich werde nichts Wertvolles entwenden’, ele afirma), nem tampouco a atingir alguma formulação universalizante – o fim que normalmente se espera de qualquer análise científica. Uma história que é exposta via imagens permanece aberta, não resolvida, passível de infinitas atualizações. Benjamin não pretendia mostrar os ‘grandes feitos’ do período enfocado, mas sim os seus ‘trapos e lixos’.4
São justamente essas infinitas atualizações que tornam tão rica a obra aqui abordada, visto que, um trabalho documental pode se tornar ultrapassado diante de novas descobertas, de novos estudos; algo que não ocorre em uma obra que alcança um alto nível de reflexão sobre a situação apresentada, sobre si mesma e sobre o homem, de modo que não há possibilidade de uma atualização que a substitua – as atualizações estão previstas nas diversas leituras potencialmente presentes.
Já afirmamos que a vida do autor não deve determinar um percurso de interpretação para a sua realização literária, mas acreditamos que o conhecimento dela possa permitir um melhor entendimento do conjunto da obra, especialmente no caso de um autor que abordou a memória em praticamente todos os seus romances, considerando escalas diferentes de comprometimento pessoal. Hermenegildo Bastos vai mais a fundo nessa constatação, em seu livro sobre Memórias do Cárcere, ele afirma: “Trata-se de resgatar um núcleo de experiência comum a Graciliano autor-personagem e seus personagens de ficção”.5
Clara Ramos, filha do escritor, ao escrever uma biografia do pai, também compreende as diferentes dimensões entre obra e autor. Em Mestre Graça: confirmação humana de uma obra, ela ressalta logo na primeira página da introdução:
A vida dos artistas, dos pensadores, deveria restringir-se aos catálogos, verbetes, rol de datas que complementam as referências às suas obras, já que não tem sentido primaciar a biografia e explicar o maior pelo menor. A obra de arte, sempre maior que a individualidade que a produziu, acaba por fazer do artista um instrumento a seu serviço. É evidente que, enquanto artista, ele só pode ser explicado a partir desse organismo superpessoal que o transcende: sua própria arte, onde a personalidade humana do criador nada mais é que um passageiro a reboque. Evidentemente. O homem Graciliano Ramos, simples passageiro de suas letras, deveria sucedê-las, vir atrelado aos nossos ensaios. Convencemo-nos dessa verdade.6
No nosso caso, dá-se o mesmo, a vida de Graciliano Ramos não será lida como explicação da obra, mas se a obra aborda a vida é preciso conhecer minimamente essa matéria-prima com que o artista trabalha. Assim, esse capítulo não deve ser lido como a seção biográfica da dissertação, pois nesse caso ele seria incompleto, já que nem toda a vida escritor será recuperada, para isso há biografias bastante interessantes como as citadas nesse trabalho e catálogos com “linha do tempo” bem detalhados. Aqui, trazemos episódios que de alguma forma relacionam-se com a pesquisa do “eu” realizada em Memórias do Cárcere.

2. Autor – escrita da memória
De resto, justamente uma das principais características da literatura é a de não possuir limites: é a de existir constantemente negando seu limite. E que limite é esse? É aquele que a ‘separa’ do ‘real’. A literatura, portanto, encena a criação do ‘real’. (...) A literatura está na vanguarda da linguagem : ela nos ensina a jogar com o simbólico, com as suas fraquezas e artimanhas. Ela é marcada pelo ‘real’ – e busca caminhos que levem a ele, procura estabelecer vasos comunicantes com ele. 7
Devido a temática dessa dissertação – em linhas gerais: o discurso autobiográfico em Memórias do Cárcere –, é essencial observarmos o papel da memória nas tramas dos romances ficcionais desse autor, especialmente naqueles escritos em primeira pessoa – Caetés, S. Bernardo e Angústia –, pois neles podemos identificar um discurso do "eu" a ser confrontado com a escrita de si na obra estudada nessa pesquisa. Infância é também evocada, atentando para seu caráter híbrido, semelhante ao das Memórias.
É importante mencionar que a exclusão de Vidas Secas nessa análise não deve ser entendida como a negação de que haja nela uma discussão sobre memória. Pelo contrário, essa discussão se evidencia quando é enfocada a limitação que há, do ponto de vista da linguagem, nos personagens vivendo a situação-limite da seca. O empobrecimento do uso da linguagem por parte dos personagens causa a restrição da recordação e a ênfase no presente, o que intensifica o seu processo de desumanização.
Nos interessamos especialmente pelos romances narrados em primeira pessoa, pois consideramos que a memória tem papel na definição da identidade de seus protagonistas. O que não se aplica a Vidas Secas, obra cujos personagens não são capazes de elaborar a própria história. Isso se evidencia pela presença de uma concepção fatalista que o narrador atribuiu aos próprios personagens. Os poucos momentos em que eles refletem minimamente sobre suas condições são sempre acompanhados da certeza de que não poderia ser de outra forma:
Pois não estava vendo que ele era de carne e osso? Tinha obrigação de trabalhar para os outros, naturalmente, conhecia o seu lugar. Bem. Nascera com esse destino, ninguém tinha culpa de ele haver nascido com um destino ruim. Que fazer? Podia mudar a sorte? Se lhe dissessem que era possível melhorar a situação, espantar-se-ia. Tinha vindo ao mundo para amansar brabo, curar feridas com rezas, consertar cercas de inverno a verão. Era sina. O pai vivera assim, o avô também. E para trás não existia família.8
Observamos que as diversas ocorrências do narrador-personagem no conjunto da obra de Graciliano Ramos pode ser entendido como um princípio de sua compreensão da literatura. Ele é defensor de uma literatura que lide com uma verdade. Não a verdade fatual, evidentemente, mas alguma verdade sobre o ser humano e as suas inquietações.
Antônio Candido (1964) divide as obras de Graciliano Ramos em três categorias: romances em primeira pessoa (Caetés, S. Bernardo e Angústia); narrativas em terceira pessoa (Vidas Secas e Insônia) e obras autobiográficas (Infância e Memórias do Cárcere).
Vamos nos embasar nessa classificação para defender que as obras em primeira pessoa formam em conjunto com os textos autobiográficos um percurso em direção à memória: “à medida que os livros passam, vai se acentuando a necessidade de abastecer a imaginação no arsenal da memória, a ponto do autor, a certa altura, largar de todo a ficção em pról das recordações, que a vinham invadindo de maneira imperiosa” (Candido, 1971).
Nessa pesquisa mostramos que foi notável a percepção de Antônio Candido com relação à coerência do conjunto da obra de Ramos, mas, discordamos da afirmação de que o autor de Memórias do Cárcere tenha "largado de todo a ficção". Pelo contrário, a coerência está no fato de que ele faz diferentes dosagens de ficção e de memória nas publicações em que se utiliza do narrador em primeira pessoa e que a sua obra se destaca pela sutiliza com que ele extrapola os limites.
Candido destaca a naturalidade com que o tom memorialista vai se impondo ao longo dos livros:
E o mais interessante é que a transição não se apresenta como ruptura, mas como conseqüência natural, sendo que nos dois planos a sua arte conseguiu transmitir visões igualmente válidas da vida e do mundo.
Concluímos daí que no âmago da sua arte há um desejo intenso de testemunhar sobre o homem, e que tanto os personagens criados quanto, em seguida ele próprio, são projeções desse impulso fundamental, que constitui a unidade profunda de seus livros.9
Esse capítulo da dissertação destina-se justamente a refletir sobre o discurso da memória nos romances de ficção em que ela se faz presente e fazer uma proposta de leitura a respeito dessa transição "natural" dos romances assumidamente ficcionais para as obras ditas memorialistas.
Não pretendemos esgotar as reflexões a respeito desse assunto em todas as obras mencionadas, pois seria uma proposta muito ousada; mas, nesse capítulo, nós as apresentamos de modo sucinto, afim de que elas possam iluminar a questão do "eu" especificamente na obra Memórias do Cárcere.

3. Narrador – escrita autobiográfica
Il n'y a pas de concept 'je' englobant tous les je qui s'énoncent à tout instant dans les bouches de tous les locuteurs, au sens où il y a un concept 'arbre' auquel se ramènent tous les emplois individuels de arbre. Le 'je' ne dénomme donc aucune entité lexicale. Peut-on dire alors que je se réfère à un individu particulier? Si cela était, ce serait une contradiction permanente admise dans le langage, et l'anarchie dans la pratique: comment le même terme pourrait-il se rapporter indifféremment à n'import quel individu et en même temps l'identifier dans sa particularité? On est en présence d'une classe de mots, 'les pronoms personnels', qui échappent au statut de tous les autres signes du langage. A quoi donc je se réfère-t-il? A quelque chose de très singulier, qui est exclusivement linguistique: je se réfère à l'acte de discours individuel où il est prononcé, et il en désigne le locuteur. (Benveniste, 1966, p. 261)10
Esse capítulo aborda mais diretamente a questão que permeia todos os outros capítulos dessa dissertação e que em certo sentido lhes dá unidade. Trata-se do estudo do narrador, elemento que possibilita a existência dos outros – escritor, autor e herói – na construção do "eu" na escrita autobiográfica de Graciliano Ramos, em Memórias do Cárcere.
Essa obra memorialista prioriza a narrativa de uma experiência, em detrimento da busca por respostas ou de justiça; ou seja, não é apenas o lamento de uma vítima que quer dividir os seus sofrimentos passados, ela não se sustenta por essa situação. Em outras palavras, a maneira como o texto é construído – e consequentemente o “eu” é apresentado – é mais importante do que o tema “vida na cadeia durante a ditadura de Vargas”. O “eu” organiza todo o desenrolar da memória, pois ele é o sujeito pesquisado e ao mesmo tempo aquele que elabora esse sujeito. Assim, esse capítulo se interessa mais pelo desvendamento do “eu” que conta através de sua narrativa as experiências passadas do que pela experiência em si, em termos históricos. Segundo Antônio Candido, é próprio do autor Graciliano Ramos:
a preocupação ininterrupta com o caso individual, com o ângulo do indivíduo singular, que é, e será, o seu modo de encarar a realidade. No âmago do acontecimento jaz sempre o coração do personagem central, dominante, impondo na visão das coisas a sua posição específica.11
Do mesmo modo que Walter Benjamin (1980) considera o narrador a chave para a leitura de um romance, procuramos perseguir a construção do narrador de Memórias do Cárcere. Não consideramos o gênero romance adequado para categorizar esse livro, porém, defendemos que esse título não lhe é totalmente descabido; temos, sim, a certeza de que essa é uma obra de difícil, senão impossível, generalização. Nesse sentido, percebemos que não sendo um romance – nos termos tradicionais –, trata-se, no entanto, de um texto escrito por um grande romancista, que não deixa de utilizar em seu texto da memória as estratégias da escrita que ele tão bem domina. Logo, Memórias do Cárcere se apresenta como um texto passível de análise literária, pois, apesar da relação íntima com o discurso histórico, o autor não abdica da preocupação formal por tratar-se de um livro de memórias, assim não lhe reserva um lugar menos prestigiado diante de seus romances de ficção já consagrados no momento da escrita dessa obra.
Será primordial perceber como esse narrador se projeta como herói; se autonomeia o autor e conta as experiências verídicas do escritor. Essas vozes não são estanques, ao contrário, aparecem unidas na elaboração do "eu" em questão, embora possamos perceber a importância de cada elemento dessa junção na constituição de um todo.
Faremos, então, uma reflexão acerca da experiência narrada, sem perder de vista o foco no modo de narrar a si mesmo enquanto presidiário, pois é esse o propósito central da obra, conforme o próprio título "Memórias do Cárcere" já nos sugere.

4. Herói – escrita da prisão
Observe-se: não uma imagem bela demais ou demagogicamente lisongeira, mas a confrontação com o 'outro' permite, por um jogo de espelhos, pintar um retrato do 'mesmo' muito mais coerente e pleno do que teria feito uma simples reprodução de seus traços; somente a mediação pelo outro permite esta auto-apreensão segura de si mesmo.12
Neste capítulo, a narrativa em si é o objeto de discussão. Seguiremos como pauta alguns importantes acontecimentos narrados para, a partir disso, propormos uma reflexão a respeito da definição do "eu".
Dentre esses acontecimentos podemos citar: o momento da prisão – as razões apontadas para a desconhecida causa de seu encarceramento, o que faz com que ele repense o seu próprio passado em busca de indícios, de respostas; os deslocamentos de cadeias – as angústias geradas pelo desconhecido e a descoberta de sensações jamais experimentadas; episódios que provam a generosidade de pessoas comuns – como o empréstimo de dinheiro proposto pelo Capitão Lôbo, por exemplo, ações que levam Graciliano a refletir sobre qual seria o seu procedimento em situações semelhantes; a proximidade da morte – devido a fragilidade de sua saúde, num ambiente sem perspectivas de um tratamento médico, o que o faz recordar uma cirurgia que o deixou debilitado por meses em uma cama de hospital.
Cada um desses episódios revela a transformação do “eu” pelo constante confronto entre o personagem e o narrador, que podemos associar, respectivamente, ao “passado” e ao “presente”. Evidentemente essa questão temporal não é assim tão simples, o passado do texto não representa fielmente o passado original, assim como o presente da narrativa é já passado no momento da leitura, mas há esse confronto entre o antes e o depois, que fortalece o sentido de “divisor de águas” que a prisão teve na vida de Ramos. A prisão é um momento central que modifica totalmente as expectativas futuras do escritor, para mencionar o elemento mais óbvio: após a prisão, Graciliano jamais voltaria ao Nordeste, de onde ele saiu compulsóriamente como preso político.
Além de episódios retirados do texto, como os citados, esse capítulo abordará também a questão da obra inacabada. Nas primeiras páginas do primeiro volume de Memórias do Cárcere encontramos a seguinte citação: “Estou a descer para a cova, este novelo de casos em muitos pontos vai emaranhar-se, escrevo com lentidão – e provàvelmente isto será publicação póstuma, como convém a um livro de memórias” (Graciliano Ramos, 1953, vol. 1, p. 8).
Trata-se de um comentário intrigante, pois a publicação póstuma aconteceu de fato e com a anterior autorização do autor. Foi publicada, inclusive, com um único capítulo faltante, que, segundo relato de seu filho Ricardo Ramos, traria as “sensações de liberdade” (Graciliano Ramos, 1953, vol. 4, pp. 162-164).
O mais interessante é que essa forma de publicação gerou muita polêmica, especialmente devido ao questionamento de sua originalidade, mas pouco se disse a respeito dos sentidos produzidos – conscientemente ou não – no contexto exclusivo de um livro de memórias.

Referências bibliográficas

Bibliografia BASTOS, Hermenegildo José de M. Memórias do Cárcere, literatura e testemunho. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998.
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BENVENISTE, Émile. Problèmes de linguistique générale. Paris: Éditions Gallimard, 1966 (vol. I).
GAGNEBIN, Jeanne Marie. “Dizer o tempo”, in: Sete aulas sobre Linguagem, Memória e História. São Paulo: Ed. Imago, 1997.
_____. Lembrar escrever esquecer. São Paulo: Editora 34, 2006.
LEJEUNE, Philippe. Le pacte autobiographique. Paris: Éditions du Seuil, 1975.
RAMOS, Clara. Mestre Graça: confirmação humana de uma obra. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1979
_____. Cadeia. Rio de Janeiro: José Olympio: Secretaria de Cultura, 1992.
RAMOS, Graciliano. Infância. 2ª edição. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1952.
_____. Memórias do Cárcere. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1953 (4 volumes).
RAMOS, Ricardo. Graciliano: retrato fragmentado. São Paulo: Siciliano, 1992.
RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. trad. Alain François [et al.], Campinas: Editora da Unicamp, 2007.
SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). História, memória, literatura: o Testemunho na Era das Catástrofes. Campinas: Editora da Unicamp, 2003.
_____ (org.). Leituras de Walter Benjamin. 2ª edição, São Paulo: FAPESP: Annablume, 2007.
_____. O local da diferença: ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo: Editora 34, 2005.


1 Graduada em Bacharelado e Licenciatura em Letras pela Universidade Estadual de Campinas. Mestranda do Departamento de Teoria e História Literária da Universidade Estadual de Campinas, sob a orientação do Prof. Dr. Márcio Seligmann-Silva. – eloisybatista@gmail.com.
2 RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. trad. Alain François [et al.], Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2007, p. 94.
3 Walter Benjamin em suas "Teses sobre o conceito de história", nega a existência do historiador neutro.
4 SELIGMANN-SILVA, Márcio. "Double Bind: Walter Benjamin, a tradução como modelo de criação absoluta e como crítica", in SELIGMANN-SILVA, Márcio (org.). Leituras de Walter Benjamin. 2ª ed., São Paulo: FAPESP: Annablume, 2007, pp. 39-40.
5 BASTOS, Hermenegildo José de M. Memórias do Cárcere, literatura e testemunho. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 1998, p. 22.
6 RAMOS, Clara. Mestre Graça: confirmação humana de uma obra. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1979, p. 9.
7 SELIGMANN-SILVA, Márcio. O local da diferença:ensaios sobre memória, arte, literatura e tradução. São Paulo, Editora 34, 2005, p. 74.
8 RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 56ª edição. Rio, São Paulo: Record, 1986, p. 96.
9 CANDIDO, Antonio. “Os bichos do subterrâneo”, in: Tese e Antítese. 2ª edição. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1971.
10 Não há conceito "eu" englobando todos os eu que se enunciam a todo instante na boca de todos os locutores, no sentido em que há um conceito "árvore" ao qual se reduzem todos os empregos individuais de árvore. O "eu" não denomina pois nenhuma entidade lexical. Poder-se-á dizer, então, que eu se refere a um indivíduo particular? Se assim fosse, haveria uma contradição permanente admitida na linguagem, e anarquia na prática: como é que o mesmo termo poderia referir-se indiferentemente a qualquer indivíduo e ao mesmo tempo identificá-lo na sua particularidade? Estamos na presença de uma classe de palavras, os "pronomes pessoais", que escapam ao status de todos os outros signos da linguagem. A que, então, se refere o "eu"? A algo de muito singular, que é exclusivamente linguístico: eu se refere ao ato de discurso individual no qual é pronunciado, e lhe designa o locutor. (BENVENISTE, E. "Da subjetividade na linguagem". Em Problemas de lingüística geral I. 2 ed. Campinas: Editora da Unicamp; Pontes, 1988, p. 288)
11 CANDIDO, Antonio. Ficção e confissão. Rio de Janeiro: Editora Livraria José Olympio, 1956, p. 17.
12 GAGNEBIN, Jeanne Marie. Sete aulas sobre linguagem, memória e história. 2ª ed. Imago: Rio de Janeiro, 2005, p. 21.
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