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Literatura e Autoritarismo
Dossiê "Escritas da Violência II"
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Dossiê  

BOLAÑO E A REPRESENTAÇÃO FICCIONAL DA DITADURA PINOCHET

Carmen Cecilia Rodríguez Almonacid1
Resumo: O presente texto tem por objetivo examinar a maneira pela qual se manifesta a memória – individual e coletiva – nos relatos ficcionais Estrella distante (1996) e Nocturno de Chile (2000), de Roberto Bolaño, relacionando Memória e Literatura no Cone Sul após os Golpes de Estado. Abordaremos a reconstrução da memória nas duas obras, dimensionadoras das alianças entre literatura e poder, propondo o exercício reflexivo em torno das significações do resgate da memória dos anos negros da ditadura militar no Chile.
Palavras-chave: Memória, ditadura, literatura.
Abstract: This paper aims to examine how memory - individual and collective – manifests in the fictional accounts Estrella distante (1996) and Nocturno de Chile (2000), by Roberto Bolaño, relating Memory and Literature in the Southern Cone after the coups d’État. We are going to discuss the reconstruction of memory in both works, scale of alliances between literature and power, proposing the reflective exercise around the meanings of the rescue of the memory of black years of military dictatorship in Chile.
Keywords: Memory, dictatorship, literature

1. Memória e ditadura
...cómo narrar el horror, cómo construir una memoria y una escritura que trastornen los límites entre lo manifiesto y lo subyacente
Celina Manzoni
As ditaduras são sempre a negação da política, a supressão da multiplicidade de vozes no intento sempre vão de impor uma única voz monocórdia e autoritária. À tortura, ao desaparecimento de pessoas, ao assassinato em supostos enfrentamentos armados na Argentina, Uruguai, Brasil, Chile, no período de1964 até 1990, sendo seu auge na década dos 70, se opõe o chamado período de transição à democracia política. Em cada um desses países se segue uma política diferente para tratar de tais crimes. Na Argentina, se decide julgar os culpados, mas logo há um retrocesso já que a lei só alcançará alguns poucos; no Uruguai opta-se pelo esquecimento; no Chile são impostas condições que impedem que se saiba com certeza o que aconteceu. Este chamado ao esquecimento é em si uma violência a mais a que se submete a sociedade que já foi brutalmente ultrajada.
Dessa forma, não se pode entender os gritos das mães, avós e filhos como mostra de masoquismo, senão como um exercício de memória contra uma amnésia imposta às sociedades brasileiras, uruguaias, argentinas e chilenas.
O momento mais cruento da historia moderna no Chile se produz a partir do Golpe de Estado de 1973. Aquilo que se supôs um exercício de violência indiscriminada e sistemática não somente destruiu as bases da República e semeou o regime do terror no país, como também instaurou uma ditadura que durou quase duas décadas, a qual modificou de maneira substancial os fundamentos políticos do Estado. Segundo Karl Kohut (2002), no artigo introdutório do livro “Literatura chilena hoy: La difícil transición”, a principal consequência da opressão foi o exílio massivo, fato que afetou os escritores chilenos de três maneiras. Nas palavras de Kohut (2002 p. 11):
Primero, entanto que ciudadanos, estuvieron expuestos a los mismos peligros que los demás.Segundo, el contexto literarario cambió de modo radical.Para quienes permanecieron, a pesar de todo, en el país, la censura y la represión los llevó al silencio o al camuflaje.Para quienes se fueron, el exílio determinó su modo de vivir y escribir.Tercero, estos hechos cambiaron la temática, que fue diferente de acuerdo a que los autores estuvieran o no en el exílio.
Este contexto histórico divide o âmbito literário em dois: o interno e o externo. Desta maneira, mais de uma centena de escritores chilenos produzem suas obras no exílio. Aqueles que ficaram enfrentaram a censura de suas obras: a publicação estava sujeita à aprovação de uma equipe de burocratas funcionários do regime que condenavam a priori qualquer manifestação cultural que pudesse parecer “sediciosa”. Assim sendo, editar no Chile de 1973 a 1984, segundo Fernando Jerez (2002), era privilegio somente dos adeptos ao governo militar. A reprovação universal à ditadura, concentrada na denúncia das violações dos direitos humanos, muito pouco considerou a importância da destruição dos valores culturais chilenos. A partir de 11 de setembro de 1973, a junta militar impõe o novo marco cultural – determina o fechamento da editora estatal Quimantú, considerada o símbolo da democratização através da cultura no deposto governo de Salvador Allende. Seu fechamento condenou ao desaparecimento editores e livrarias, levando ao consequente desmantelamento do sistema educacional chileno. Assim, o Chile entrou na chamada época do apagão cultural.
Na passagem a uma democracia duvidosa começa o retorno daqueles que partiram. Estes se deparam com um cenário de autores jovens que cresceram na ditadura, jovens que refletem nas suas obras um mundo que esqueceu o passado e se mostra ausente do âmbito da política numa atitude de quase total indiferença. Para Patrício Manns (2002, p. 203):
La novela de la ciudad de hoy es escapista, esconde la realidad real, se distancia de los caídos, cuyas tumbas cuidadosamente cavadas a la luz de la luna, resurgen a la luz de la luna muchas lunas después, todos los dias, aqui y allá.La novela de la ciudad de hoy uma bondadosa infâmia, porque no reflexiona sobre la gangrena heredada del cavernarismo militar.
Essa negação, apagamento, indiferença é fruto da chamada transição, a qual funda a sociedade chilena da pós-ditadura.
Em 1997 o sociólogo Tomás Moulián publica Chile actual. Anatomía de un mito, livro que indaga a matriz material e ideológica que origina o Chile da transição. O autor nos mostra que esta transição se constitui a partir de três processos. Primeiramente, da negação/naturalização dos fatos que se seguiram após o Golpe de Estado de 1973, os quais produzem, através da aliança política entre militares, intelectuais autoritários e economistas neoliberais, uma nova sociedade que não tem sofrido mudanças desde esse período pós-ditatorial. O segundo processo se refere à reformulação do Estado a partir da reversão generalizada das políticas de intervenção econômica e redistribuição social. E, por fim, o terceiro processo se refere a um mecanismo psicossocial de compulsão ao esquecimento, o qual impõe o bloqueio da memória e uma consequente perda do discurso que gera pontos de vista antagônicos sobre o vivido. Assim sendo, as elites políticas estão mais ocupadas em manter a governabilidade do que em promover transformações profundas. Ao não enfatizar as lembranças de um passado recente promove-se uma harmonia ilusória por temor a reacender tensões latentes.
Tomás Moulian (1997) nos mostra que a democracia instaurada a partir de1989 obedece aos padrões estabelecidos em 1973, cujos postulados são o esquecimento, o consenso e a idéia de uma democracia protegida pelas leis políticas elaboradas nos anos da repressão.
Assim, entre 1980 e 1989, ainda na segunda fase da ditadura, chamada “ditadura constitucional”, se produz o que funcionaria como chave para o entendimento do Chile atual: “o transformismo”. Moulian (op. cit., p.145) o caracteriza como “largo proceso de preparación, durante la dictadura, de una salida de la dictadura, destinada a permitir la continuidad de las estructuras básicas bajo otros ropajes políticos, las vestimentas democráticas”.
Lechner e Güell (1999) analisam a situação do silenciamento no Chile da transição pactuada, onde se enfatiza o projeto futuro e o empenho no apagamento do passado conflitante. Passado este que de maneira recorrente reaparece para assombrar uma memória amnésica. Os autores apontam para o medo como legado da historia recente, e explicitam que o significado atual da palavra delinquente não está longe daquele que outrora representava o "extremista" ou "delator". A experiência traumática do Chile deixou uma ferida que ainda não cicatrizou. E é a partir desse medo dos fantasmas do passado que se instaurou uma compulsão ao esquecimento. O medo da memória induz ao silêncio. De acordo com Lechner e Güell “a falta de palabras y símbolos para dar cuenta del pasado, se opta por el silencio. Y la memoria opta por apropiarse de la gente por la puerta de los miedos” (op.cit.,p.132)

Segundo Elizabeth Jelin (2002), a última década do século XX caracteriza-se pela crise desse modelo de transição baseada no apaziguamento e no esquecimento. Jelin aponta ser evidente a necessidade de conceber a memória como campo de lutas interpretativas. A abertura política, ou seja, a transição traz consigo uma mudança de Estado, uma tentativa de refundação na qual as vozes censuradas possam ser ouvidas, apesar das vozes do autoritarismo ainda estarem presentes no debate público.
Para a autora, a situação no Cone Sul no ano 2000 se apresenta como a constatação de que o tempo das memórias não é racional, cronológico ou linear. Conforme Jelin (op. cit., p.1):
Abrir los diarios de Argentina, Uruguay, Chile o Brasil en el año 2000 puede asemejarse, en algún momento, a transitar por un túnel del tiempo. Además de las obvias problemáticas económicas, políticas y policiales de la coyuntura, las noticias centrales incluyen una serie de temas que indican la persistencia de un pasado que « no quiere pasar »: los avatares de la detención de Pinochet y su posterior procesamiento por crímenes cometidos en Chile en 1973, los « juicios de la verdad » para esclarecer desapariciones forzosas [… ] A esto se suman las noticias sobre el Operativo Cóndor en el plano regional, que emergen con persistencia y continuidad.
Contudo, devemos lembrar que o passado não retorna, não pode ser mudado, mas pode-se modificar seu sentido reinterpretando-o. Este será o trabalho de quem toma para si o exercício de relatar a outra cara da memória.

2. Bolaño e Chile
O Chile emerge na escritura de Bolaño, sobretudo nos romances Nocturno de Chile (2000) e Estrella distante (1996). Numa primeira aproximação dos processos implícitos na elaboração destes romances, lemos em “Fragmentos de un regreso al país natal” e “El pasillo sin salida aparente” a origem de Nocturno de Chile (2000). Bolaño escreve as duas crônicas em 1998, quando em visita ao Chile após vinte e cinco anos de ausência. O relato de ambas se apresenta da perspectiva do retorno, projetando na primeira a análise crítica e mordaz do ambiente literário chileno à época. A segunda crônica se centra no “caso Mariana Callejas” – caso sórdido que aborda a relação cúmplice que vincula mundo literário e intelectual ao poder político e até mesmo ao terror do Estado.
A crítica e ironia de seus comentários sobre o conjunto de hábitos que revelam aquilo que Bolaño considera como rasgos de chilenidade se fazem sentir na narrativa nas imagens da pátria, na figura de Neruda:
Ahí estaba Neruda y unos metros más atrás estaba yo en medio la noche,la luna, la estatua ecuestre, las plantas y las maderas de Chile, la oscura dignidad de la patria. (Bolaño, 2000, p.23)
[...]mientras nuestros ojos observaban como quien no quiere la cosa, como haciéndose los distraídos, a la chilena[...] (Bolaño, 2000, p.62)
Algo, tal vez el sentido del ridículo, el sentido más alerta que poseemos los chilenos, [...] (Bolaño, 2000, p.129)
O título Nocturno de Chile nos remete à ideia de escuridão que marcou o contexto político e cultural da historia recente do Chile, em referência ao período conhecido como “apagón cultural”. Menos explicitamente representativo, o título inicial desta obra era Tormenta de mierda.
Em Nocturno de Chile, através da narrativa delirante do sacerdote Urrutia Lacroix, naquela que acredita ser sua última noite, revive-se a conjuntura política de 1973. Urrutia Lacroix, membro do Opus Dei, poeta e crítico literário, envelhecido e doente se vê interpelado pelo “jovem envelhecido” na hora de sua agonia e a ele tem ainda muito que dizer. Assim começa o relato:
Ahora me muero , pero tengo muchas cosas que decir todavía.Estaba en paz conmigo mismo. Mudo y en paz. Pero de improviso surgieron las cosas.Ese joven envejecido es el culpable. Yo estaba en paz.Ahora no estoy en paz.Hay que aclarar algunos puntos. Así que me apoyaré en un codo y levantaré la cabeza, mi noble cabeza temblorosa, y rebuscaré en el rincón de los recuerdos aquellos actos que me justifican y que por lo tanto desdicen las infamias que el joven envejecido ha esparcido en mi descrédito en una sola noche relampagueante. (Bolaño, 2000, p.11)
Urrutia Lacroix no seu discurso confessional elabora uma memória oficial questionada pelo discurso ético e estético do jovem envelhecido que recrimina o sacerdote instando-o a fazer um exame de consciência. Não obstante ao termino do relato dessa confissão noturna e sombria, não chega o perdão senão o desencanto do fim que se aproxima, plasmado apocalipticamente na imagem que traz a frase final da obra: “Y después se desata la tormenta de mierda” (Bolanõ, 2000, p.150).
Nocturno de Chile, romance transbordante de citações às obras e personalidades do mundo literário, dialoga através desta intertextualidade com o a problemática vivenciada pela sociedade chilena. Nesta obra, Roberto Bolaño mostra o papel da literatura no processo de elaboração da memória. Celina Manzoni (2002, p.52) lucidamente expõe: “El gesto de Bolaño al constituir la biografía imaginaria del crítico agonizante (…) devela no sólo los mecanismos de constitución del canon y su justificación académica, política e ideológica, sino la profundidad de su incidencia en la memoria de la sociedad.”
Em Estrella distante o cenário é o mesmo: O Chile durante a repressão da ditadura militar. Porém, o mal aqui se personifica na figura de um só homem: O Tenente Ramírez Hoffman, também conhecido como Carlos Wieder ou como Alberto Ruiz Tagle, poeta aéreo e suposto autor de crimes e desaparecimentos acontecidos durante os primeiros anos do regime de Pinochet.
Será em Estrella distante que o leitor receberá o convite a "reconhecer", através das histórias daqueles que sonhavam que valia a pena viver a vida em prol dos seus ideais, o Holocausto, o terror, o horror que se instaura após o golpe de estado que derroca o governo de Salvador Allende.
Cabe destacar que Estrella distante, publicado no ano de 1996, época pródiga em denúncias contra o regime ditatorial de Augusto Pinochet, traz à tona, através de processos de julgamentos dos crimes cometidos entre 1973 e 1989, a infrutífera tarefa de sanar o dano cometido: “Ninguno de los juicios prospera. Muchos son los problemas del país como para intersarse en la figura cada vez más borrosa de un asesino múltiple desaparecido hace mucho tiempo. Chile lo olvida”. (Bolaño,1996, p.120)
Bolaño, ao reconstruir a história narrada no último capítulo do romance La literatura nazi en América, a história de Ruiz Tagle, poeta que freqüentou as oficinas de poesia em Concepción nos anos anteriores ao golpe militar e que posteriormente fará parte da nova ordem, nos mostra como a literatura se encarrega de nos fazer compreender os horrores históricos e as motivações daqueles que cometem os crimes mais hediondos. Mas isso será possível? Segundo Maria Luisa Fischer (2008, p. 147), “En Estrella distante se formula este calibre de preguntas y se responde diciendo: con la verdad de las historias, las historias con minúsculas y la otra; a través de las letras, no de las armas, y con la memoria y la subjetividad personal aunada a la de los otros”.
Os personagens se defrontam com dilemas éticos e estéticos numa historia que não lhes traz as glórias do fazer literário. São jovens que sofrem as agruras do momento de repressão política na instaurada ditadura militar.
Bolaño tenta manter em aberto na sua narrativa a possibilidade de reconstrução dos fatos que resgatam uma memória que se pretende “desmemoriada”, trazendo no relato uma época na qual a sociedade chilena se viu submetida ao medo, ao horror. Horror representado nos atos de violência específicos contra toda e qualquer manifestação intelectual que não fosse a favor do regime militar. Estrella distante resgata aquilo que Nelly Richard (2001), nos textos apresentados em Resíduos y Metáforas, relata sobre o Chile da pós-ditadura, onde questiona o discurso institucional e oficial que apaga as zonas de tensões. De acordo com Richard (op. cit., p.13): “Habría que insistir en un dialogo vivo con el contexto y sus producciones en curso; en las microtexturas de prácticas locales y contingentes y en la heterogeneidad social de su dinámica de signos que se abren a las formulaciones inconclusas de lo nuevo”.
Richard atenta à importância dos indícios que permitem recorrermos aos relatos que fazem referência às histórias fragmentadas, porém, necessárias para a construção das significações do Chile da ditadura rumo ao Chile da "Transición", evidenciando a urgência de ruptura com o confortável discurso do esquecimento proposto em prol de uma reconciliação.
A autora destaca o desconforto que o passado e as lembranças doloridas trazem, incomodo que promove o corte entre o antes e o depois para proteger o hoje confortável. Assim recortam-se os episódios que fariam retornar à memória a historia que não se apaga somente pelo não dizer, por seu não relato. Richard (2001, p.13) declara:
En efecto, el gobierno del consenso partió exhibiendo su marca de distanciamiento y ruptura con el mundo de antagonismos a la dictadura.Habría que insistir en un dialogo vivo con el contexto y sus producciones en curso; en las microtexturas de prácticas locales y contingentes y en la heterogeneidad social de su dinámica de signos que se abren a las formulaciones inconclusas de lo nuevo.
A poética de Bolaño nos aproxima dos conflitos da historia sul-americana. Através do que Gonzalo Aguilar (2002) denomina “máquina ficcional”, Bolaño não narra os fatos senão os potenciais relatos que se cruzam a partir dos dados resgatados da memória, de uma memória por vezes frágil e distorcida pelo exílio que exige uma narrativa de historias à sombra de fatos confusos e até incertos, leremos em Estrella distanteque:” A partir de aquí mi relato se nutrirá básicamente de conjeturas “( Bolaño,1996,p.29).
Em Nocturno de Chile e Estrella distante Roberto Bolaño (1953-2003) possibilita, (re) inventa numa volta ao passado trágico, uma nova vida daquilo que se pretendeu sepultado e explora a fronteira entre literatura e história, mostrando como uma determinada situação política marcada pela passagem da utopia ao luto pode se transformar numa escrita de encontro com o passado, mas sem garantia de um futuro que redima o trauma, caracterizando, desta forma, sua obra ficcional como uma prática crítica.

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1 Mestranda do Programa de Pós-graduação em Teoria e História Literária do Instituto de Estudos da Linguagem –UNICAMP. E-mail: almonacid58@gmail.com
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