TEMPO PERDIDO?
A POÉTICA DE RENATO RUSSO NO CONTEXTO DA INDÚSTRIA CULTURAL [1]
Juliana
Beatriz Klein [2]
As
questões relativas a qualquer tipo de autoritarismo são rechaçadas
de maneira veemente, seja pelos defensores dos direitos humanos,
seja por qualquer pessoa que tenha atitudes coerentes. Entretanto,
mesmo que a maioria se porte de forma adequada relativamente
aos outros, ainda existem instituições que não primam pela preocupação
com o bem coletivo, caracterizando-se pela violência, coação
e repressão dos mais diversos segmentos sociais.
A
tão citada comunicação entre os povos é perseguida há milênios
e, ao que tudo indica, foi finalmente descoberta uma maneira
rápida e eficaz para tal finalidade. Os avanços tecnológicos,
como a Internet, deveriam auxiliar nesse sentido. O que se observa
concretamente, entretanto, é o fato de que esta tecnologia tem
sido usada mais e mais para a destruição do outro. Como afirma
George Steiner (1991, p. 90), “o inferno pareceu o mais fácil
de recriar”, e essa facilidade de recriar o inferno na terra
denuncia a falência de um sistema que não prima pelo bem comum,
mas pela urgência em se sobrepor ao outro.
Os
problemas levantados se relacionam, direta ou indiretamente,
com a cultura. De um modo geral, a cultura de determinada comunidade
é que promove ou privilegia atitudes fascistas. E é nesse choque
entre culturas que algumas pessoas se destacam. Quer seja em
grupos ou mesmo individualmente, essas pessoas se distinguem
pela preocupação com o outro, com seus problemas e tudo mais
que possa prejudicá-lo, auxiliando a sociedade a tomar consciência
para o fato de que tudo que é necessidade básica para uns, também
deve ser para outros (Cf. Candido, 1995, p. 239).
O
mundo globalizado, o rompimento de fronteiras estatais e a facilidade
da comunicação promovidos pela tecnologia deveriam, lógica e
concretamente, auxiliar em questões como a segregação social
de minorias. A dificuldade de alcance a uma vida digna, com
casa, comida e educação certamente é responsável por grande
parte dos atos de violência que presenciamos diariamente. O
que leva pessoas excluídas à violência é explicável pelo fato
de se encontrarem fora do mercado de trabalho e longe dos meios
de sobrevivência humana. Entretanto, é difícil explicar o fato
de que pessoas educadas possam cometer atrocidades e portarem-se
frente ao mundo propagando a exclusão, a necessidade de um “saneamento”
social.
Na
esteira dessas observações acerca da comunicação e da cultura
em geral evidencia-se um fato digno de nota. A arte, como reflexo
do espírito humano criador e dotado artisticamente, desde seus
primórdios, esteve ligada a funções sociais muito fortes, caracterizando-se
pela participação na vida das comunidades através dos ritos
e das religiões (Cf. Revista Livro Aberto, 1998, p. 6-8).
Podemos
observar, desde que o homem passou a tomar conhecimento do mundo,
que a arte esteve presente em todos os momentos de sua vida
útil, quer seja como uma necessidade espiritual, quer seja como
uma necessidade catequizadora e de conversão, quer seja como
uma necessidade física, estética e pessoal. Como é possível
comprovar, a arte é presença constante e certa na vida das pessoas,
independente do motivo porque isso acontece.
Como
presença constante, seria de se esperar que a própria arte,
enquanto entidade autônoma, servisse como método eficaz para
a conscientização das pessoas, dado o fato de que ela não proporciona
somente embevecimento e prazer estético, mas também a reflexão
crítica, o pensamento transformador, a vontade da mudança (acreditamos
que toda a forma de arte deveria privilegiar a reflexão, a crítica
do mundo e, conseqüentemente, a transformação do mundo ao redor
de quem observa a arte).
Para
Anatol Rosenfeld (1993, p. 192), “a arte é a expressão de uma
imensa esperança”. Entretanto, como é fácil perceber, nem sempre
isso acontece. Há pessoas, dotadas de espírito crítico em virtude
de sua formação intelectual, que não se caracterizam pela identificação
com os outros enquanto seres humanos, dando a impressão de senti-los
como parias ou, simplesmente, como rivais, o que explica a necessidade
de destruição que esse sentimento provoca.
Para
Walter Benjamin (1983, p. 28), os meios de comunicação de massa,
assim como a obra de arte, são “bons” contanto que sejam usados
de forma politizada, o que implica dizer que são “produtivos”
a partir do momento que propiciam, além de diversão, a possibilidade
de tomada de consciência, a permanência do estado de alerta
constante – que leve as pessoas a não perderem de vista seu
estado de excluídos da sociedade e de “vítimas “ do sistema.
Por
outro lado, o autor (1991, p. 189-190) clama para que os escritores,
artistas e demais personalidades de destaque posicionem-se a
favor dos direitos do outro, entendido este ouro como o proletariado
da época em que se pronunciou. Entretanto, tal apelo pode ser
transferido para os dias atuais. Benjamin dedica-se a uma incursão
pela imprensa e afirma que todo e qualquer artista, consciente
de sua posição perante a sociedade, deve tentar tomar a imprensa
e trazê-la para o lado dos operários, o que implica dizer, segundo
nossa visão, que todo e qualquer artista tem como tarefa principal,
ainda que implicitamente, ajudar as pessoas no sentido mais
amplo possível, quer seja através da conscientização por seus
escritos, quer seja a participação em movimentos que privilegiem
o bem-estar coletivo.
Há
autores que, amparados na sua popularidade, construíram obras
cujo valor humanitário ou de denúncia fizeram-se mesmo em período
de profunda repressão política. Casos como o de Carlos Drummond
de Andrade que, em plena época da Segunda Guerra Mundial, demonstrou
profunda identificação com o sentimento coletivo de abandono
e de perplexidade frente às atrocidades cometidas em nome de
uma suposta “superioridade” nacional; Chico Buarque de Holanda
que, mesmo em um período de repressão duríssima fez chegar até
nós versos como “ninguém vai sentir a sua falta” que, de forma
implícita, dizia respeito ao governo que, à época, era déspota
e autoritário aos extremos; Cazuza com a sua “a burguesia fede
/ a burguesia quer ficar rica / enquanto houver burguesia /
não vai haver poesia”, demonstrou profundo senso crítico e de
solidariedade; Renato Russo, ícone de uma época que ainda não
acabou, que compôs músicas cujas letras diziam – e ainda dizem
respeito – sobre o estado caótico de coisas que encontramos
em nossa sociedade. Seria de se esperar que, de acordo com a
formação intelectual, dezenas de artistas se propusessem a se
identificar com o povo a sua volta, de modo que promovessem
ou privilegiassem o pensamento crítico, a reflexão. Por conta
de seu alcance, esses autores deveriam, necessariamente, mostrarem-se
afinados com os desejos e insatisfações da maioria da população
que, em última instância, são consumidores de seu trabalho.
O
que se observa, contudo, é o fato de a maioria dos autores,
escritores e demais personalidades serem um estado de exceção,
como se não fizessem parte da sociedade, mas como elementos
à parte, intocáveis e, por isso, sem maior necessidade de participação.
Apesar de ser lamentável e, por vezes, criticável, cada pessoa
tem o direito de se portar da maneira que lhe convier, ainda
que pudesse ser esperado dela uma atuação ativa junto ao seu
público.
Conforme
afirmado, há autores que se destacam ao proporcionarem uma visão
diferenciada da sociedade, mostrando em seus escritos mais do
que a réplica do que é afirmado pelos livros oficiais. São indivíduos
conscientes, que demonstram identificação com o estado de coisas
que se apresenta, bem como com as pessoas que “sofrem” o estado
das coisas.
Gostaríamos
de acrescentar que a qualidade das produções independe da Indústria
Cultural (IC), sendo tributária de produtores desinteressados
no social ou, mesmo, de produtos de qualidade. Assim, a IC deve
ser vista enquanto veículo, e não como responsável pela produção.
O aspectos cultural, no sentido da construção de significados
que poderiam vir a ser assimilados pelos fruidores é, na maioria
das vezes, deixado de lado em favor de objetos destituídos de
qualidade que, sem dúvida, dependem de um “construtor” específico,
que determina a ênfase que o produto pretende ter.
Transcrevemos
abaixo a canção Tempo perdido (Dois, 1986). A escolha
dessa música pretende enfatizar uma característica marcante
de Renato Russo, qual seja, o fato de o autor não ter de, necessariamente,
se apoiar em elementos explícitos de denúncia, mas poder exercer
a crítica através da perplexidade dos sujeitos líricos. Cremos
que, além de o meio não determinar a obra, com as características
da IC não sendo refletidas nos objetos produzidos pelo autor,
também a reivindicação de melhorias não precisa passar pela
“panfletagem”. Cabe acrescentar que o fato de analisarmos o
poema verso a verso, ou seja, como paráfrase, pretende manter
a integridade do texto tendo em vista a quantidade de elementos
que o mesmo contém.
1. Todos os dias quando acordo
2. Não tenho mais o tempo que
passou
3. Mas tenho muito tempo:
4. Temos todo o tempo do mundo
5. Todos os dias antes de dormir,
6. Lembro e esqueço como foi o
dia:
7. “Sempre em frente,
8. Não temos tempo a perder”.
9. Nosso suor sagrado
10. É bem mais belo que esse sangue amargo
11. É tão sério
12. E selvagem.
13. Veja o sol dessa manhã tão cinza:
14. A tempestade que chega é da cor dos teus olhos castanhos
15. Então me abraça forte e me diz mais uma vez
16. Que já estamos distantes de tudo:
17. Temos nosso próprio tempo.
18. Não tenho medo do escuro, mas deixe as luzes acesas
agora.
19. O que foi escondido é o que se escondeu
20. E o que foi prometido, ninguém prometeu.
21. Nem foi tempo perdido;
22. Somos tão jovens.
Sob
a perspectiva da análise formal, podemos dizer que os metros
são irregulares, não apresentando preocupação que o número de
sílabas poéticas seja uniforme. Quanto às rimas, essas ocorrem
em dois momentos: versos 1 e 4 e versos 19 e 20.
Podemos
fazer referência à importância da sonoridade do texto. Destaca-se
a presença de aliterações (/d/, /t/, /s/, /m/) e assonâncias
(/o/, /e/). Esses recursos sonoros permitem que o texto possa
ser “ouvido” mesmo quando apenas lido. A sonoridade é uma das
principais características dos poemas literários.
A
antítese, figura de linguagem bastante utilizada, expressa contradições
e aproxima campos semânticos distintos. Ao utilizar essa figura,
o poeta “une” campos contraditórios, de modo a chamar a atenção
ao que está sendo dito. As antíteses do texto são: “lembro e
esqueço” no verso 6; “sério e selvagem” nos versos 11 e 12;
“sol dessa manhã tão cinza” no verso 13; “não tenho medo do
escuro, mas deixe as luzes acesas agora” no verso 18.
A
partir das constatações formais, podemos afirmar que a “aparência”
do texto não se preocupa em ser perfeita, mas que seja adequada
e que suporte o conteúdo do poema. Contando com o apoio de figuras
expressivas da linguagem literária, o texto apresenta-se perfeitamente
coeso apesar da quantidade de elementos aparentemente díspares
que comporta.
O
sujeito lírico expõe suas ansiedades frente ao mundo que representa
no poema. Esse mundo, contraditório em essência, é representado
por imagens contrárias, em que o sujeito se vê, ele próprio,
entre a aparência e a essência, ou seja, o tempo a que
o poema se refere independe de ações particulares, mas, ainda
assim, constitui-se como um poema de reflexão que poderia vir
a corrigir os “erros” cometidos e, assim, modificá-los a fim
de que sejam adequados futuramente.
O
poema refere-se à vida privada, mais especificamente à vida
interior de uma coletividade, no caso, os jovens. O sujeito
lírico não é reconhecível, permitindo que o discurso seja utilizado
por qualquer pessoa que se identifique com o conteúdo.
A
contraposição de termos pertencentes a campos semânticos antagônicos
– exemplificada pelas antíteses do poema – nos leva a pensar
que a passagem do tempo poderia resolver todos os problemas
porque, conforme afirmado, trata-se de uma representação da
vida (interior) da juventude, com todos os questionamentos que
os jovens fazem a si mesmos.
O
primeiro verso do poema estabelece um momento de reflexão e,
unido ao segundo, expressa a impotência do sujeito em relação
ao tempo. Ao afirmar que não tem “mais o tempo que passou”,
o sujeito lírico como que admite suas falhas, resignando-se.
Contudo,
no verso 3, a conjunção adversativa “mas” como que desmente
o verso anterior, em que o sujeito lírico afirmara não ter mais
todo o tempo que tinha. A utilização da conjunção propõe que
o sujeito ainda tenha tempo, tendo em vista que o “mas” pode
se constituir num paliativo, ou num momento em que o
sujeito, revendo seus atos, os pudesse pôr em prática novamente
com a certeza do acerto, pois tem “muito tempo”. O fato de admitir
que tem “todo o tempo do mundo”, ainda que não possa contar
com o tempo passado, sugere que as coisas possam ser modificadas
a partir da reflexão proposta.
O
verso “antes de dormir” pode ser o momento de reflexão em que
o sujeito, “todos os dias”, revê os fatos acontecidos, pensando
em seus atos, lembrando (provavelmente os acertos) e esquecendo
(os erros). Os versos 7 e 8 constituem-se em um chavão muito
utilizado, pois “Sempre em frente / Não temos tempo a perder”
sugere a idéia de que não há tempo para olhar para trás e ficar
contemplando situações já passadas. Poderíamos, inclusive, remeter
ao famoso “Time is money”, slogan utilizado nos Estados Unidos.
Paradoxalmente ao que anunciara, essa expressão indica a necessidade
de urgência nos atos, tendo em vista que “tempo é dinheiro”
e, por isso, não pode ser desperdiçado com coisas passadas.
O
“suor sagrado” do verso 9 pode ser entendido como o suor do
trabalhador, sendo “belo” pelo que representa (trabalho honesto
e digno, por exemplo). O “sangue amargo”, no verso 10, poderia
referir-se a alguma bebida intragável, ou algo que não seja
de fácil apreensão. Esse mesmo sangue é “sério e selvagem”.
A
antítese sugere que o sangue (ou a pessoa que o sangue representa,
sendo uma metonímia) seja “civilizado” (sério) e ao mesmo tempo
“selvagem”. Diríamos que essa categorização refere-se ao sujeito
lírico, uma vez tendo afirmado que o mesmo se encontra entre
a essência e a aparência e, assim, poderia comportar em si esses
dois elementos (sério e selvagem), debatendo-se entre ambos.
O
“sol da manhã tão cinza” pode ser referência à poluição bem
como à falta de perspectivas que o sujeito lírico percebe. A
seguir, a tempestade é da cor castanha, porém, não só a tempestade,
como também o provável interlocutor do sujeito, posto que é
da cor dos “teus” olhos.
O
pronome possessivo “teus” acrescenta um dado novo, pois até
então o sujeito aparentemente conversava sozinho, ou expunha
suas dúvidas a qualquer pessoa. O surgimento de alguém pressupõe
que o sujeito troque idéias com alguém que, muito provavelmente,
compartilhe as mesmas dúvidas e ansiedades.
O
fato de pedir para ser abraçado indica que o sujeito encontra-se
carente ou confuso ou, ainda, perdido. E acrescenta indiretamente
que “alguém” saiba mais, ou talvez possa ajudá-lo, uma pessoa
vez que pede ajuda para afirmar (para si mesmo?) que está “distante
de tudo”, porque “temos nosso próprio tempo” (verso 17). Parece,
portanto, referir-se a um tempo à parte do tempo que
todas as pessoas têm. Assim, a juventude (se aceitamos que o
poema se refere a ela) teria mais tempo para as suas coisas,
de modo que poderia realmente transformar o ambiente em que
vive, sem ter de se preocupar com a passagem do tempo.
O
sujeito afirma, no verso 18, que não tem medo do escuro (que
poderia ser entendido como o desconhecido, algo que não pode
prever). Contudo, pede que (alguém) “deixe as luzes acesas agora”.
Nessa antítese o sujeito novamente se contradiz, como pretendesse
se auto-afirmar ao dizer que não tem medo do escuro/desconhecido,
pedindo, porém, que a luz permaneça acesa, talvez para iluminar
seu caminho ou seus pensamentos.
Os
versos 19 e 20 são os mais obscuros. “O que foi escondido (...)
/ O que foi prometido” poderia ser entendido como algo que está
para ser encontrado e feito. No entanto, conforme o verso 20:
“ninguém prometeu”. É paradoxal que algo seja prometido e, logo
a seguir, afirme-se que ninguém o fez. Poderíamos aventar que
essas promessas sejam parte de interesses maiores, como as promessas
que vemos surgir em épocas de campanhas políticas, por exemplo.
O
verso 22 resume o poema: “Somos tão jovens”, e complementa o
21, “Nem foi tempo perdido”. O final do poema como que exige
a presença do primeiro verso novamente, pois “somos tão jovens”,
o que nos leva a refletir sobre nossos atos na certeza de que
teremos tempo para corrigi-los. O poema, no entanto, não apresenta
claramente um sentido de correção, simplesmente expõe as dúvidas
do sujeito lírico e sua dificuldade de entendimento do mundo.
Se
levássemos em conta somente o título do poema, poderíamos afirmar
que o mesmo, além de se referir ao tempo passado, poderia se
constituir num “tempo perdido”. Talvez pelo fato de o sujeito
ter feito coisas erradas. Contudo, o poema em si propõe a reflexão
como momento para a revisão dos atos a fim de, provavelmente,
tornar as atitudes adequadas quando novamente forem postas em
prática.
Assim,
podemos dizer que o sujeito lírico, perplexo diante da realidade,
procura por alguém que possa explicar o que está acontecendo
e, sobretudo, questiona-se por que está acontecendo. O tempo,
constantemente retomado, pode ser transformado, ainda que o
sujeito não saiba como isso possa ser feito e que não haja ninguém
para ajudá-lo a entender a situação.
A
passagem do tempo talvez não seja representativa da tentativa
de realizar uma crítica do mundo através da denúncia. O passar
do tempo, como o entendemos, representa muito mais do que a
cronologia; ele é significativamente responsável pelas transformações
das pessoas. Cabe destacar que o sujeito lírico não apresenta
uma atitude passiva diante dos fatos que descreve, mas, através
do questionamento, situa o leitor, instigando-o a participar.
Cremos
que a exploração do poema pode demonstrar a existência de elementos
de denúncia (ainda que velada), perplexidade, ironia, desalento.
Entendemos que toda a obra do autor é permeada por questões
controversas que buscam, cada qual a sua maneira, elucidar seu
leitor/ouvinte. O modo encontrado por Renato Russo para denunciar
deixa claro que, mesmo que um artista não faça parte do cânone
e mesmo não sendo reconhecido pelo circuito literário (leia-se
Academia), nada o impede de, artisticamente, expor idéias cotidianas
e que denotam profunda identificação com a população. Entendemos
inclusive que todo o artista deveria fazer sua parte. A parte
que cabe a cada um é determinada pela posição que ocupa na escala
social. Quanto mais se sobressair em relação aos outros, mais
deve a pessoa promover a reflexão, o pensamento crítico e, implicitamente,
possibilidades e caminhos para a mudança.
Referências
bibliográficas