A RELAÇÃO ATRAVÉS DE CARTAS ENTRE WERTHER E WILHELMRoberson Rosa dos Santos1
Resumo: O presente trabalho parte de um interesse pelas narrativas de si a um outro na obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. Constata-se a pertinência das relações entre o narrador e o destinatário da escrita, relações estas que serão abordadas ao longo do texto. A base norteadora é a temática do “outro em si” no romance acima mencionado. Esta escolha parte da investigação sobre a necessidade de um interlocutor na escrita sobre si. Por isso, situa-se as características do “gênero” epistolar como forma de escrita, bem como a importância das cartas na época: meio de comunicação e estratégia de aproximação entre as pessoas. Ao tratar das escritas de si a partir do método epistolar, chega-se ao gênero autobiográfico. Este consiste em um narrador que conta sua história, revive e permite ver-se no papel, no imaginário. A escrita, assim, aparece como um lugar onde o eu que escreve sobre si ao mesmo tempo necessita da referência de um outro. A escrita de si é um meio de se ver de fora a partir de dentro, sendo que o dentro e o fora partem do mesmo ponto. Com tudo isso, o objetivo do trabalho é investigar como se dá a permanente influência do outro sobre o personagem Werther, tanto na escrita de si como na constituição do eu. As cartas de Werther são uma forma de expressão do íntimo que necessita uma confirmação por parte do outro. Essa influência advinda do outro está presente nos mais diversos contextos.
Palavras-chave: romance epistolar, autobiografia, Goethe
Abstract: The present work comes from an interest on narratives from the self directed towards other person in “Os Sofrimentos do Jovem Werther”. It is evidenced a relationship between narrator and receiver, such relations will be worked along this article. The base approach is the thematic “the other within the self” represented in this novel. This choice comes from an investigation about the necessity of an interlocutor in writings about the self. On this matter, are established characteristics of epistolary genre as a writing product, and the importance of letters on that time: as a way of communication and as a strategy to close people. Dealing with writings about the self through epistolary method, the autobiographic genre comes up. It consists in a narrator who tells his story, living it again and seeing himself on the imaginary. Writing comes as a way to write about himself as well to express his needs of a reference from the other. Writing about the self is a way to see himself outside from an inner perspective, although the inside and the outside come from the same point. For this way the aim of this work is to investigate how the permanent influence from the other works on Werther’s character, such as on writings by himself and on the construction of the self. Werther’s letters are an inner way of expression that needs a confirmation from the other. These influences from the other are present on several contexts.
Keywords: Epistolary Novel; Autobiography, Goethe.
O presente artigo parte de um interesse pelas narrativas de si direcionadas a um outro. Ao ler a obra “Os Sofrimentos do Jovem Werther”, percebe-se que essa forma de endereçar um discurso sobre si é a base do romance epistolar. A partir disso, constata-se a pertinência das relações entre o narrador e o destinatário da escrita, relações estas que serão abordadas ao longo deste texto.
A base norteadora é a temática do “outro em si” no romance acima mencionado. Esta escolha parte da investigação sobre a necessidade de um interlocutor na escrita sobre si. A obra de Johann Wolfgang Goethe, porém, provoca uma relevante discussão sobre as relações, mostrando o quanto as pessoas, mesmo distantes, buscam estar próximas. Além disso, buscam o reconhecimento dos outros no eterno processo de conhecimento de si.
A obra clássica “Os sofrimentos do jovem Werther” do escritor Johann Wolfgang Goethe é considerada um dos mais importantes romances do gênero epistolar. Dentre os vários aspectos pertinentes a serem pesquisados nesta obra, abordo a relação entre dois jovens, que mesmo permeada pela distância, é mantida através do vínculo afetivo produzido por suas cartas.
Segundo Bastos, Cunha e Mignot (2002), escrever cartas é uma forma de compartilhar vivências pessoais, íntimas e até mundanas. Para as autoras, a escrita e o envio de cartas se dá por vários motivos: conversar, desabafar, agradecer, informar, etc. A carta não apenas aproxima, mas fala a respeito de quem escreve e revela sempre algo sobre quem a recebe, permitindo avaliar a intensidade do relacionamento entre os correspondentes.
É com o romance epistolar que o gênero por cartas se torna por completo uma forma literária. O romance epistolar consiste em cartas escritas por um ou vários personagens e enviadas seja aos confidentes ou aos antagonistas. A carta, então, se torna instrumento de representação romanesca da intimidade e das possibilidades de troca. Ela pode ser um meio revelador da intimidade, tanto de forma superficial quanto profunda.
No caso do romance de Goethe, a troca de correspondências entre os personagens Werther e Wilhelm é fio condutor da história. Percebe-se nas cartas de Werther enviadas ao amigo, o profundo teor afetivo confiado a este, que serve como um destinatário do drama de Werther.
Cartas
As cartas tiveram seu apogeu no final do século XVIII e ao longo do XIX. Um marco crucial nessa história foi o ano de 1774, quando Goethe publicou seu romance “Os sofrimentos do jovem Werther”, que recorria ao formato epistolar para narrar uma história de amor romântico e trágico. O livro obteve um sucesso tão imediato quanto fulminante.
A identificação dos leitores com os personagens foi tão intensa que não motivou apenas a imitação do estilo em milhares de correspondência de enamorados anônimos. Muitos emularam o malfadado protagonista até as últimas conseqüências. Uma onda de suicídios por amores não correspondidos junto à imprescindível e arrebatada carta derradeira. Não por acaso, diz-se que Goethe ensinou seus contemporâneos a se apaixonar, seguindo a escola do movimento romântico, bem como a sofrer, viver e ser (Sibilia, 2008).
A comunicação estabelecida entre os personagens do romance através do método epistolar apresenta algumas características interessantes, que dizem respeito a uma forma íntima de comunicação do sujeito. É uma escrita comunicativa, onde o indivíduo que escreve a carta escreve para si e para alguém, de si e de alguém.
Para Bettiol (2008), a prática epistolar sempre viveu às margens do literário. No que diz respeito à correspondência, é necessário desmistificá-la como referente absoluto de verdade e de autenticidade. A carta é suscetível a várias abordagens: literária, histórica, política, teológica, sociológica, filosófica, antropológica. Para a autora, o texto epistolar contextualiza os discursos.
A mesma autora afirma ainda, que de um modo geral, o gênero epistolar é narrado quase todo na primeira pessoa, seu discurso é centrado no enunciador. O narrador em primeira pessoa ordena o mundo de acordo com o que vê e pensa. Ao mesmo tempo, ele é narrador e protagonista de suas próprias histórias baseadas nas suas impressões e sensações revividas pelo fio condutor da memória. Os episódios são simultaneamente discurso social e interior, objetividade e subjetividade, eu crítico e eu lírico, espaço em que o imaginário vai sendo construído. Os narradores fazem uma seleção, um recorte, escolhem certos personagens, certas paisagens, episódios nos seus relatos. Eles tentam capturar o momento que interessa trazer a público, o que revela que a narrativa passa pelo filtro da subjetividade daquele que escreve.
É nesse sentido que Foucault (2002) considera que a escrita de si mesmo atenua os perigos da solidão, e dá o que se viu ou pensou a um outro olhar. O autor acredita que a carta constitui também uma certa maneira de se manifestar a si próprio e aos outros. A carta, assim, faz o escritor “presente” àquele a quem a dirige. Presente não apenas pelas informações que ela remete ao seu destinatário, mas também por uma espécie de presença imediata e quase física.
O trabalho que a carta opera sobre esse destinatário, mas que também é efetuado sobre o escritor pela própria carta que envia, implica, pois, uma “introspecção”. Contudo, há que entender esta menos como uma decifração de si por si mesmo do que como uma abertura de si mesmo que se dá ao outro (Foucault, 2002).
A carta é, basicamente, um meio de se comunicar por escrito com o semelhante. Escrever para outra pessoa significa não estar só, ou não deixar alguém só. As palavras contidas nesse escrito substituem atos ou gestos, e participam do mecanismo íntimo da literatura (Rocha, 1965).
Porém, a prática epistolar envolve algumas regras. Há certas normas de estrutura que enquadram o seu conteúdo, a motivação e o corpo do texto. Outros elementos como lugar, data, destinatário e assinatura, também ocupam um espaço significativo na estrutura de uma carta.
Vista como possível substituta da presença corporal, a correspondência torna-se mais usual quando é destinada a pessoas distantes e que costumam se ausentar com freqüência. A ausência não só motiva a escrita, pela nostalgia de contatos humanos perdidos ou interrompidos, mas também por um desejo de reafirmar-se no campo afetivo. Além disso, é uma forma de valorizar mais o que se tem para dizer.
Dessa forma, ao ser escrita, a carta é dirigida, em geral, a um leitor vivo e único. Ela implica a presença viva de quem a recebe, como de quem a escreve. Logo, deve-se ler sempre tentando visualizar a repercussão que provoca no correspondente.
Isso implica que o conteúdo da carta vai ser determinado, em grande parte, pelas características que se supõe ter o seu leitor. O escritor pratica uma ;escolha, uma eleição, que condiciona o texto que vai escrever, quer no plano da franqueza, quer no do estilo. O correspondente não é necessariamente um par, mas apresenta com ou autor quaisquer afinidades (Rocha, 1965). Por isso, quem escreve refina o que tem para dizer conforme o destinatário a quem confia.
Outra característica das cartas, referida por Rocha (1965), é que elas geralmente são datadas, o que auxilia a situar o instante de sua confecção e o conteúdo da mensagem. As palavras são, assim, referidas a um momento determinado. Nesse sentido, o autor faz uma comparação com o diário, que toma o dia como medida do ser.
Portanto, parece fundamental para compreender os escritos de Werther para seu amigo, uma análise sobre as narrativas do eu. Nestas aparecem traços de uma escrita íntima, autobiográfica, que a seguir serão explorados.
Narrativas do Eu
O começo do século XVIII, período em que foi escrito o romance de Goethe, é marcado pela exposição da intimidade através da literatura. Das confissões de Rousseau aos diários íntimos, os romances epistolares, ou, segundo o autor, as “cartas para todo mundo”, eram características da época. (Arfuch, 2009).
A carta é uma escrita de si por realizar essa exposição de intimidade, onde o escritor conta sobre suas vivências e sentimentos. Nesse sentido, pode-se pensar na escrita epistolar, mais especificamente no caso das cartas de Werther, como uma escrita autobiográfica, na qual o sujeito relata a sua vida.
A autobiografia é a forma mais subjetiva de historiografia, segundo Kluguer (2009). É a história na primeira pessoa do singular, e por necessidade contém informações como pensamentos e emoções, que não podem ser comprovadas. Dessa forma, a autobiografia situa-se no limite entre a história e a literatura imaginativa. Afinal, nas cartas escritas por Werther, ele confessa suas experiências diárias, sentimentos e pensamentos sobre suas ações.
Tu sabes que não existe no mundo nada tão instável, tão inquieto quanto o meu coração. Se é que tenho necessidade de dizê-lo a quem tantas vezes carregou o fardo de me ver passar da aflição à digressão, da doce melancolia à paixão furiosa, meu caro! É por isso que trato meu coraçãozinho como uma criança doente, satisfazendo-lhe todas as vontades. Não diga isso adiante, há pessoas que poderiam usá-lo contra mim (Goethe, 2002, p.19). Nesse sentido, o sujeito é levado a interpretar aprendizagens construídas ao longo da vida, buscando uma compreensão sobre si. E, assim, é remetido a uma narrativa incompleta, exatamente porque a escrita não planeja agrupar todas as vivências e aprendizagens formadoras do sujeito, mas sim, aquilo que o sujeito escolheu como conhecimento de si e como formador na sua vivência pessoal e social (SOUZA, 2006).
A autobiografia é também um espaço de reflexão do eu sobre sua própria constituição. Por isso, é possível, dentro desse espaço, manejar os recursos disponibilizados pela memória, de modo a expor a percepção que se considera mais adequada de sua própria imagem. Isso porque ninguém poderia, tanto como o próprio eu, caracterizar sua identidade e atribuir sentido à sua experiência. Assim, em uma autobiografia o sujeito estabelece a si mesmo como campo de observação e investigação (GINZBURG, 2009). O fato de Werther relatar seu íntimo nas cartas, articular fatos e sentimentos corrobora tal afirmação. O personagem não poupa percepções e reflexões sobre si mesmo.
Estabeleci relações de toda espécie, mas ainda não achei companhia efetiva. Não sei o que tenho de atraente aos olhos das pessoas, há tantos que se agradam de mim e a mim se prendem, que chega a me doer ter de abandoná-los, depois de os acompanhar por trechos que às vezes se mostram tão curtos (Goethe, 2002, p. ) Ginzburg (2009) acredita que se percebermos a autobiografia como uma interpretação que o eu faz do conhecimento que tem de si mesmo, nos depararemos com uma argumentação relativa. Para o autor, o conhecimento é sempre incompleto, inconcluso. A percepção é limitada, e, por isso, um discurso sobre si mesmo está necessariamente marcado por um risco de imprecisão.
Logo, Werther jamais teria condições de fazer uma interpretação precisa sobre si mesmo, por não ter total conhecimento sobre si. Assim parece ser essencial a participação de um outro para poder narrar o eu. Por isso a participação de Wilhelm nos escritos de Werther deve ser tratada como fundamental para construção de sua narrativa. A seguir aborda-se a importância do outro como interlocutor e como objeto auxiliar na constituição do sujeito.
De um Eu a um outro Eu
Um eu somente pode narrar suas experiências vividas, falar de si, se puder contar, implicitamente ou explicitamente, com um tu interlocutor, ou um leitor implícito, mesmo que este seja um leitor futuro (GAGNEBIN, 2009). No caso do romance em questão, o personagem Wilhelm, participa da narrativa como esse tu. É a seu amigo Wilhelm que Werther se refere em grande parte das cartas presentes no romance. “Não pude resistir, tive de ir até ela. E aqui estou de novo, Wilhelm, para comer meu pão com manteiga de todas as noites e seguir te escrevendo” (Goethe, 2002).
O eu que escreve sua história quer transmitir algo a alguém, a um tu, a um outro. Também, o eu não escreve somente sobre si mesmo, porque não há nada de menos substancial que esse próprio “si”. Mesmo que a vida do eu fosse, como se costuma dizer, uma vida interessante, essa sua vida remete necessariamente a algo que de longe a ultrapassa enquanto vida particular (Gagnebin, 2009).
A escrita autobiográfica somente se realiza quando quebra o quadro individual que parecia constituí-la enquanto gênero específico. O autor que escreve sobre “si mesmo” escreve, na verdade, sobre a transformação essencial pela qual passou. Não escreve sobre um “si” supostamente permanente. É como se ele sentisse uma necessidade de contar porque passou por essa transformação. Ou seja, ele toma a palavra porque se tornou outro.
Essa transformação essencial, de acordo com Gagnebin (2009), pode ser de diversas ordens: conversão, processo de desilusão e de aprendizado, descoberta da verdade e/ou da arte, mas também doença, guerra, tortura, prisão, campo de concentração. No caso de Werther, o fato de ter mudado de cidade e uma recente desilusão amorosa parecem fazer o seu relato pertencer a um processo de transformação.
A autobiografia fica inscrita na secular tradição literária da narração por contar esse processo de transformação. Narração de provações e experiências a ser compartilhadas com os outros. Assim, é somente quando a vida deixa a esfera individual da vivência e alcança o horizonte da experiência coletiva maior, que essa vida individual merece ser transformada em escritura de si. O eu particular pode falar de si mesmo porque recolhe dentro de sua história a dimensão de uma experiência que ultrapassa sua mera individualidade. Sua história só se torna digna de relato quando perde seu caráter exclusivamente privado e se transforma no relato de um passado que não lhe pertence em particular, mas que também pertence aos outros (Gagnebin, 2009).
Conforme Gagnebin (2009) o eu conta sua vida para não deixar cair no esquecimento a história dos outros, em particular dos outros que não têm possibilidade de palavra ou que já emudeceram. Escrever a história de sua vida pode então significar, primordialmente, recordar a morte dos outros.
A importância do outro para a psicanálise vai para além de uma participação como interlocutor. Em seus estudos sobre as relações entre os indivíduos, Freud (1921) considera que o comportamento de cada pessoa depende da influência dos outros (indivíduos, grupos, organizações). Partindo disso, Enriquez (1990) vai destacar a importância de uma noção de alteridade, como forma de entrar em contato com outro ser, aceitando vê-lo em sua singularidade.
Para ele essa relação com o outro apresentada por Freud aparece como uma relação de referência, como a norma que designa nosso vir-a-ser e nosso ser-humano. Nesse sentido, o autor acredita que a identificação e o reconhecimento são fundamentais como estruturantes na constituição do sujeito.
Enriquez (1990) também apresenta o outro como objeto de desejo. No caso estudado, então, Wilhelm seria objeto de desejo para Werther. Essa é uma relação constituída pelo outro (Wilhelm) e pelo próprio sujeito (Werther), em que existe uma ligação de alteridade do tipo libidinal. Isso inclui, naturalmente, o caráter ambivalente desta relação, aproximação-distância, amor e ódio. De acordo com Enriquez (1990), é esse processo que permite o vínculo, nos define e nos transforma, o que acontece tanto com o sujeito como com o objeto.
Além disso, a relação com o outro é marcada pela condição de que ele possa ser auxiliar ou oponente. O outro só existe enquanto existe para nós, o que significa que uma forma de ligação (identificação, amor, solidariedade, hostilidade) é indispensável para construir aquilo que é um outro.
Nesse sentido, o sujeito constitui-se como tal pela existência do outro. É pelo fato do outro nos amar, nos falar e nos olhar que nós existimos enquanto sujeito humano. É este elemento que Lacan evidenciará como essencial em 1949/1998 no artigo “O estágio do espelho como formador da função do eu”. Nele, Lacan considera que só existimos quando somos reconhecidos por algo ou alguém, e inicialmente pelos nossos primeiros educadores que são nossos “primeiros objetos”.
A presença do outro, assim, traz como conseqüência a constituição do nosso psiquismo. Enfim, o indivíduo só existe para nós quando o investimos afetivamente, sendo esse o mesmo movimento que constitui o outro como outro e o sujeito como sujeito.
As cartas de Werther são uma forma de expressão do íntimo que necessita uma confirmação por parte do outro. Essa influência advinda do outro está presente nos mais diversos contextos. Atualmente, por exemplo, proliferam modalidades de autoconstrução na internet. Nesse movimento, insinua-se uma nova retirada das fontes do eu, que abandona sua morada dentro de cada sujeito, anunciando uma gradativa exteriorização da subjetividade. Os freqüentadores de blogs, leitores dos “diários” de outras pessoas, podem ser comparados aos destinatários das cartas de antigamente. Esses leitores se identificam com os relatos autobiográficos, e constroem suas subjetividades nesses jogos de espelhos. Os computadores e as redes digitais são, assim, mais um cenário para desenvolver relações como a proposta por Goethe entre Werther e Wilhelm em “Os Sofrimentos do Jovem Werther”.
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