Criado no ano de 2000 por um conjunto de professores de diversas universidades brasileiras e sediado na UFSM, o Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo apresentou o seu projeto integrado, naquele mesmo ano, no Colóquio 2000 Palavras: o futuro das Letras, realizado na UFPel. Lá se expôs:

Este projeto associa docentes de diferentes literaturas – alemã, hispano-americana e brasileira – com docentes de teoria da literatura e de história. (...) As diversas formas de autoritarismo examinadas no conjunto de projetos – nazismo e fascismo na Europa, comunismo alemão, Estado Novo e ditadura militar no Brasil, governos ditatoriais na América hispânica – compõem parte de um quadro que, nos termos de Eric Hobsbawn, forma a “Era da Catástrofe” (...).

Tomamos a Era da Catástrofe como um problema estético. Cabe unir pesquisadores interessados em discutir objetos específicos, em coerência e continuidade com seus estudos anteriores, e fazer com que os trabalhos ganhem uma convergência rumo à busca de elementos interpretativos referentes às relações políticas entre os diferentes contextos, observando pontos de aproximação e distanciamento entre as obras literárias. (...)

Os projetos, unificados pelo interesse em discutir relações entre obras literárias  e contextos históricos, apresentam diferenças em termos de fundamentação, estratégias de abordagem, pressupostos e metas. Encontramos trabalhos orientados por um interesse por filosofia e ciências sociais. Alguns elegem pensadores específicos, como Walter Benjamin, Theodor Adorno ou Michel Foucault, como referências para definir a perspectiva de estudo. Alguns projetos se dedicam a pensar a respeito de questões teóricas, como a definição de mímese e a caracterização do gênero autobiográfico. (Cf. Ginzburg & Umbach: “Literatura e Autoritarismo”. In: 2000 Palavras: as vozes das letras, org. Rildo Cosson. Pelotas: PPGL/UFPel, 2000, p.237-242).  

            Baseado nesse projeto, o Grupo de Pesquisa vem se consolidando desde a sua criação através de publicações, encontros e seminários. Na UFSM, um significativo número de alunos de graduação e pós-graduação vem realizando pesquisas de iniciação científica e de mestrado, apresentando resultados de seus trabalhos em eventos nacionais e internacionais. Nesse período, foram concluídas onze dissertações de mestrado abordando a temática do Grupo, duas estão em fase de conclusão, além de uma pesquisa de doutorado em andamento.

            Entre as atividades mais recentes do Grupo constam os cursos de extensão. Após a realização do curso Literatura Comparada e Teoria Crítica: Procedimentos de análise e interpretação na UFSM, durante o primeiro semestre de 2003, o Grupo de Pesquisa está realizando, neste segundo semestre, o curso Literatura e Autoritarismo: Reflexões críticas, desta vez em parceria com o Centro Universitário Franciscano.

            O Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo disponibiliza, neste terceiro número de sua revista eletrônica, um texto do Prof. David W. Foster (Arizona State University), a quem agradecemos por sua incansável colaboração. Também apresentamos resultados de pesquisas realizadas na UFSM, pelos integrantes locais do Grupo, sempre com o objetivo de examinar condições de produção de obras literárias em contextos autoritários, verificando as formas de representação da violência na produção cultural.

            Em torno do tema A voz dos oprimidos, priorizou-se estudos que abordassem questões concernentes à relação do indivíduo com a sociedade. Assim, procura-se abrir espaço para o debate sobre a repressão social, a perseguição política e a conseqüente marginalização de indivíduos.