Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo  |  Índice de Revistas  |  Normas para Publicação
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Revista nº 8 

APRESENTAÇÃO

Chegando a sua oitava edição, a revista eletrônica Literatura e Autoritarismo pretende manter o debate sobre as condições histórico-sociais de produção, bem como sobre os aspectos teóricos que embasam a discussão acadêmica. Levando o título Contextos críticos, esta edição traz textos apresentados na IV Jornada de Literatura e Autoritarismo, evento promovido pelo Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo e pelo Programa de Pós-Graduação em Letras da UFSM, no período de 25 a 28 de outubro de 2005, além de trabalhos de colaboradores de diversas instituições do Brasil.
Em Teoria Crítica: alguns apontamentos, Elisete Tomazetti aborda a Teoria Crítica da sociedade em Horkheimer e Adorno. Passando pelo histórico da Escola de Frankfurt, seu trabalho enfoca a crítica à razão instrumental realizada pelos frankfurtianos na hipótese fundamental de uma razão que historicamente foi desviando-se da sua essência. Assim, na "crítica que faz à razão instrumental, Horkheimer não nega a sua inevitável necessidade, mas se indaga acerca das conseqüências que daí se originaram para a humanidade. Estabelecida a vitória da razão subjetiva, esta deixou de ser crítica consigo mesma e atenta aos fins que deveria servir. Tais fins seguiram o livre curso dos interesses de uma organização social, incapaz de estabelecer critérios significativos para o progresso e o desenvolvimento".
Cristiano Augusto da Silva Jutgla procura discutir a importância da teoria de Walter Benjamin e Theodor Adorno para a lírica moderna, destacando, assim, em Notas para uma teoria da lírica, segundo Adorno e Benjamin, que a "relação entre forma e conteúdo na teoria crítica deve ser ousada; ela precisa romper em seus meios de análise e composição. É plausível afirmar que só há crítica sobre obras inovadoras para seus contextos se o medium de análise, o ensaio, se configurar em forma e conteúdo também de maneira arriscada, tal como seu objeto".
Direitos humanos e literatura: intolerâncias do cotidiano é o trabalho de Sandra Regina Chaves Nunes que aborda, através das obras de Murilo Rubião e Jorge Miguel Marinho, uma reflexão sobre o absurdo da condição humana. "Um fantástico que postula a concepção de arte narrativa como artifício, ou construção, apresentando aventuras extraordinárias, que recusem a 'poética' do realismo, mesmo sem recusar a realidade".
Inara Oliveira Rodrigues enfoca a multiplicidade de vozes, discursos, intertextos e extra-textos que permeiam a relação entre a ficção e a história em José Cardoso Pires e as múltiplas vozes de uma Balada dissonante de silêncios. Partindo da reflexão que o texto do escritor português realiza um questionamento sobre o discurso histórico, "dá-se uma suspensão da crença em uma verdade, para o questionamento proporcionado pela suspensão da descrença, pela participação no jogo ficcional".
Adriana Reis Brun estabelece reflexões acerca do romance Memorial do convento, de José Saramago, defendendo confluências entre o campo das ciências sociais e a área de estudos literários. Seu texto destaca as críticas ao autoritarismo e ao poder da igreja católica convencionadas pela obra literária em questão.
A literatura pós Segunda Guerra Mundial é o ponto de partida que Cíntia Schwantes se utiliza em Martha's Quest para refletir sobre o papel das mulheres em uma sociedade dividida pela "onda de conservadorismo político e cultural" que dominou o período conhecido como Guerra Fria. "Assim, o romance de Doris Lessing, Martha Quest, discute, através da trajetória de uma personagem paradigmática, os rumos que a sociedade sul-africana do período imediatamente precedente à guerra tomou".
Em O móbile emperrado: contribuições de Habermas para a busca de outros consensos Irene Mônica Knapp e Amarildo Luiz Trevisan propõem, através da abordagem cuidadosa da obra de Habermas, discutir a reconstrução racional do projeto moderno e sua importância para o contexto educacional, evidenciando que a "burocratização das esferas culturais de valor (cognitivo-instrumental, prático-moral e expressiva) fragmentou o mundo da vida, gerando um complexo emaranhado de especializações que acabaram por não retomar seu ponto de partida, aprisionando o ser humano ao conhecimento científico e, na sua pretensa neutralidade, não considerou aspectos que escapam a uma metodologia fundamentada em cálculos e estatísticas".
Agradecemos especialmente aos autores pela cedência de seus textos e esperamos que esta Revista contribua para a discussão dos estudos literários sob variados aspectos.


Rosani Úrsula Ketzer Umbach
João Luis Pereira Ourique
Nayara Nunes Salbego (Org.)

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