Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo  |  Índice de Revistas  |  Normas para Publicação
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Revista nº 9 

UM PACTO COM A SANTA,
OU AUTENTICAÇÕES DEMONÍACAS NO ROMANCE DE EVA PERÓN?

André Luis Mitidieri-Pereira
Doutorando em Teoria Literária (PUCRS)
Bolsista do CNPq
Resumo: Este artigo tem por fim analisar o pacto de leitura do romance Santa Evita, de Tomás Eloy Martínez. Ressaltamos as relações entre ser histórico, modelo e personagem, bem como a posição do narrador.
Palavras-chave: Romance Latino-Americano, Santa Evita, Tomás Eloy Martínez.
Abstract: This paper aims at analyzing the reading contract established in the novel Santa Evita, by Tomás Eloy Martinez. The links among the historical subject, the model and the character are put in relief, as well as the narrator's position.
Key-words: Latin-American Novel, Santa Evita, Tomás Eloy Martínez.

Eva y María están tan juntas
en la mujer que mi voz canta que
más que nombres son un nombre
como dos ojos es
igual a una mirada.


JOSÉ MARIA CASTIÑEIRA DE DIOS,
Alabanza

A obra literária Santa Evita1 é regida por variações pendulares de alternância, entre a recuperação do referente histórico e o poder de ficcionalização da heroína, cujo modelo extratextual destaca-se no quadro das personalidades latino-americanas por vir seduzindo diversos gêneros ficcionais, a exemplo da ópera-rock e do cinema. A representação de Eva Perón na própria realidade, o modo como penetra no imaginário, e, inclusive, a dissolução do seu nome próprio no carinhoso diminutivo de um de seus nomes de batismo, já provam que, em se tratando de sua vida, o real não resiste aos apelos da fantasia.
O imbricamento (ou a separação) entre os mundos real e ficcional ocasiona, no reino da teoria da literatura, uma gama de discussões em torno dos conceitos de autor e narrador. O narrador vem sendo aceito como a instância discursiva que cria a imitação, não correspondendo ao papel social da pessoa que enuncia. Seu status ficcional pode ser assinalado pela nomeação, de modo a não restar dúvidas quanto ao seu caráter de personagem.
A noção de autor, contudo, envolve debates mais amplos, entre os quais se salientam, dentre outras, as teorias de Alexander Nehamas2, Michel Foucault3, Wayne Booth4 e Seymour Chatman5. Sem passar ao largo de tais conceituações, aqui, devo optar pela utilização que faz Lejeune do termo autor: "não é uma pessoa, é uma pessoa que escreve e publica. A cavalo entre o extratextual e o textual, o autor é a linha de contato entre ambos"6.
Na biografia, a identidade autor-narrador desvia-se da rigorosa separação das instâncias, cabível, ainda que com ressalvas, aos gêneros essencialmente ficcionais. Dentro do texto em estudo, os elementos que podem caracterizar o gênero biográfico também não se separam pacificamente. Ao contrário, misturam-se a outros níveis narrativos, chegando a se imiscuírem nos fundamentos discursivos da criação literário-ficcional.
Sua esparsa localização obrigou-me a desenredar a trama, para reuni-los em conjunto, recompondo, a partir da decomposição do corpus, a narrativa biográfica que aí se insere. Sendo assim, antes de exumar essa provável biografia, convém observar se o paratexto da obra em análise, na qual está entretecida, sugere um contrato biográfico de leitura.
A edição brasileira do referido livro traz, em sua capa, metade de uma fotografia em branco-e-preto de Eva Perón, lembrando aqueles cartazes com sua estampa, que os opositores do peronismo rasgavam, sem conseguir varrer integralmente o rosto de Eva dos muros das ruas argentinas, onde permanecia seu sorriso perturbador. A mesma fotografia aparece, inteira e em menor tamanho, circundada pelo colorido desenho de uma coroa de flores, na contracapa da mesma edição.
Esses expedientes autenticam o real, estratégia reforçada, em parte, pelo emprego do título - Santa Evita -, uma vez que é prática comum das biografias valerem-se do nome e da reprodução pictórica (não necessariamente fotográfica7) da personagem da qual tratam, no intuito de gerar a curiosidade do eventual leitor sobre um texto que, no primeiro contato a ser estabelecido - o visual -, parece indicar fidelidade à vida privada de uma pessoa conhecida publicamente, por outros meios.
A autenticação do real vê-se corroborada por uma das epígrafes da página 7: "Quero olhar o mundo como quem olha uma coleção de cartões-postais", extraída de uma entrevista da então atriz Eva Duarte à revista Antena, de 13 de julho de 1944. Isso é igualmente evidenciado pela titulação dos capítulos da obra, já que, à exceção dos capítulos segundo, terceiro, quinto, oitavo e quatorze, todos os demais valem-se de resíduos do passado de Evita: seus discursos e entrevistas (datados); a introdução do livro Mi mensaje (reunião póstuma de seus derradeiros escritos) e o capítulo oitavo, parágrafo 40, de Clases en la Escuela Superior Peronista.
Além disso, o nome do autor, que figura na capa da obra em investigação, é o mesmo nome do escritor e jornalista Tomás Eloy Martínez, remetendo aos textos por ele assinados nos jornais argentinos (os quais demandam um compromisso com "as coisas como realmente ocorreram") e a outros trabalhos seus, principalmente, ao romance mais conhecido, antes de Santa Evita, ou seja, La novela de Perón, que apela aos recursos do jornalismo e da investigação histórica.
Aí, teríamos um signo dúplice, pois tal obra pertence, em suma, ao gênero romanesco. Verifico essa intencionalidade ambígua no título do capítulo segundo de Santa Evita - "Serei milhões" -, o qual se refere à frase "Voltarei e serei milhões", atribuída a Evita, e impressa na lápide de sua sepultura na Recoleta, apesar de nunca haver sido por ela pronunciada.
Do mesmo modo, os capítulos terceiro - "Contar uma história" -, quinto - "Resignei-me a ser vítima" -, oitavo - "Uma mulher alcança sua eternidade" - e quatorze - "A ficção que representava" - têm ligação com La razón de mi vida, livro cuja autoria, ou papel de ghost-writer, são tributados a Manuel Penella da Silva. Esse jornalista espanhol vendera a Eva Perón a idéia de um panegírico autobiográfico, de cunho feminista, concretizada em setembro de 1951, quando se publicou a "autobiografia" mais lida, amada e odiada daquela época8.
A autoria de La novela de Perón, obra publicada em 1985, o nascimento, em 1934, na cidade de Tucumán, os estudos, a vivência no exílio e as profissões de "jornalista e professor, além de romancista", oferecem Martínez ao conhecimento do leitor, logo abaixo de uma fotografia desse escritor, em meio-corpo, na "orelha" de Santa Evita.
No primeiro capítulo desse livro, intitulado "Minha vida é de vocês", o narrador age como se fosse o autor, deixando caracteres manifestos que remetem a um indivíduo capaz de produzir esse discurso, e de ser imaginado a partir daquilo que produziu. Assim, dá informações embasadas na autoridade de uma investigação pessoal: "Não parecia a mesma pessoa que havia chegado em Buenos Aires em 1935 com uma mão na frente e outra atrás e que se apresentava em teatros miseráveis em troca de um café com leite" (p. 11).
O narrador também indica, parcialmente, as fontes dos dados obtidos pelo autor: " 'Talvez tenha sido efeito da doença', disse o maquiador de seus dois últimos filmes" (p. 12). Ainda dentro do texto, mas não no interior da trama biográfica, o nome do narrador, coincidindo com o nome do autor, é indicado no capítulo 16, "Tenho que escrever outra vez". Esse capítulo, auto-referencial, dá conta de uma fase do processo de estruturação de toda a obra, referindo-se, igualmente, à biografia por ela englobada.
O narrador deixa, no texto, o sinal de uma realidade extratextual indubitável, que envia a uma pessoa real, a quem se atribui a responsabilidade pela enunciação de toda a escritura: "... Tomás Eloy? Poucas pessoas me chamam assim: só amigos chegados, do exílio; às vezes, também meus filhos" (p. 330).
Na seção "Agradecimentos" (p. 337-338), constam os nomes de vários seres reais entrevistados por Martínez, ou que a ele abriram arquivos e documentos, atestando que muitos dos eventos relatados pelo narrador resultaram de sérias pesquisas empreendidas pelo escritor, a bem da sua função de autor.
Agradecendo a seus filhos, Ezequiel, por haver-lhe ensinado "melhor do que ninguém a pesquisar em arquivos militares e jornalísticos" (p. 337), e Sol Ana, por acompanhar-lhe "montando palcos com bonecas que chamava de Santa Evita e Santa Evitita" (p. 337), o escritor Tomás Eloy Martínez, ser real, vincula-se ao autor Tomás Eloy Martínez, sua variante histórica no texto, e mostra como as pessoas de sua vida familiar participaram do mundo de papel armado por um narrador que igualmente leva seu nome.
Elucidada a inserção da realidade extratextual na realidade textual, tenho mais um apoio para comprovar a identidade entre autor e narrador.Essa pode-se confirmar pela utilização dos mecanismos destinados a averiguar o pacto autobiográfico, daí retirando-se um dos sujeitos do enunciado - a personagem. Garantida a equivalência entre o autor e o narrador na trama biográfica, resta-me ver se a personagem Evita é tratada de maneira a validar o pacto biográfico que venho propondo, o qual parece estar simulado no aparato que circunda Santa Evita.
Implicitamente, se o título deixa dúvidas quanto ao gênero de tal obra, pois aí não é visível o termo biografia, na seção inicial do texto, coincidente com a seção inicial da trama biográfica, o autor-narrador firma um compromisso de escrever sobre o modelo extratextual. Nesse espaço, a frase: " 'O cabelo dela era preto quando a conheci', disse uma das atrizes que a acolheu" (p. 11) não sinaliza à convenção de ficcionalidade, pois demonstra que tal informação, cujo caráter de discurso dentro do discurso é assinalado pelo uso das aspas, provém do testemunho de uma pessoa supostamente real.
Entretanto, também não aponta à convenção de veracidade, uma vez que o nome da atriz responsável pelo conhecimento da verdadeira cor do cabelo de Eva não é fornecido, contrariando a obstinada indicação das evidências, característica das narrativas históricas. Desde já, ressalvo que ocorre um desvio dessa prerrogativa no decorrer da narração biográfica, quando o autor-narrador chega a fornecer as fontes exatas do que informa. Porém, o exame da parte inicial do texto funciona como um sinalizador de que o compromisso de Martínez, na seção biográfica de sua obra literária, é com a modelo Evita, e não com o ser empírico ao qual pode ser equiparado.
De maneira implícita, o pacto biográfico não é integralmente cumprido, mas é sustentado pela identidade assumida, ao nível da enunciação, entre o autor e o narrador, os quais o revalidam de maneira patente, através dos nomes que dão à personagem no discurso biográfico, todos correspondentes aos nomes do modelo extratextual. Evita, Eva, Eva Duarte, Evita Duarte, María Eva, Eva Perón e La Duarte9 são variantes de um nome, pelas quais foi conhecida publicamente uma personalidade real, registrada por Eva María Ibarguren.
Em outra certidão de nascimento, falsificada, esse nome fora alterado, a fim de que, sem sofrer constrangimentos por ser filha natural, a renomeada María Eva Duarte pudesse casar com Juan Domingo Perón10. Passando, então, a chamar-se María Eva Duarte de Perón, no foro íntimo, o "seu General" a chamava de "China" e de "Chinita", e sua mãe, dona Juana, de "Chola", ou "Cholita".
Martínez faz referências a esses apelidos, assim como às palavras com as quais seus adversários a designavam: "essa mulher", "a hiena", "égua", "Agripina", "Semprônia", "Nefertiti", "messalina desenfreada", "a Bataclana", "f.d.p.", "puta de arrabalde"11, e "aquela mina barata", "aquela copeira bastarda", "aquela merdinha", como era tratada nos leilões de terras.
Da mesma forma, o autor-narrador evoca termos que tanto podiam denotar esse mesmo desprezo, como "Ela" e "a Falecida", quanto o medo de mexer com o nome de Eva12, ou uma suposta neutralidade, a qual também é indicada pelas expressões "A Senhora" e "a esposa de Perón" que, por sua vez, igualmente envolveriam um sentimento de respeito.
O autor-narrador vai a outro extremo, mencionando o tratamento e os títulos que foram dispensados a Evita por seus fiéis seguidores: "fada", "a nossa querida santa", "a mãezinha do meu coração", "Dama da Esperança", "Chefe Espiritual e Vice-Presidente Honorária da Nação", "Padroeira da Província de La Pampa, das cidades de La Plata, Quilmes, San Rafael e Madre de Dios", "Mártir do Trabalho" e "Defensora dos Humildes".
Esses são alguns dos papéis que a ex-atriz Eva Duarte assumiu, como Eva Perón, ou simplesmente como Evita, em uma vida tão múltipla quanto os nomes, títulos ou apelidos, carinhosos ou ofensivos, que lhe atribuíram, ou que ela mesma se lhes atribuiu. Ao lembrá-los, Martínez investe a reminiscência dos poderes de que fala Barthes13: "essencialização", por designar apenas o referente Eva Perón; "citação", pois, ao preferir tais designativos, evoca toda a essência neles contida, e "exploração", porque é possível desdobrar o nome de Eva, como se faz com uma lembrança.
Todos esses nomes e papéis da personagem Evita, na narração biográfica, correspondem aos designativos do modelo e às funções desempenhadas pelo ser histórico ao qual equivale, dos quais se tem notícia por intermédio de registros historiográficos. Delineia-se, pois, uma identidade afirmada pelo pacto biográfico, a qual envia ao ser histórico María Eva (ex-Eva María, ex-Ibarguren) Duarte de Perón.
Resolvidas as questões de autenticidade, no que tange ao problema da identidade autor-narrador, é preciso verificar o pacto referencial e as questões de fidelidade, envolvendo modelo e personagem, ou seja, a problemática da semelhança, sustentáculo da identidade em uma biografia, e paralelamente esboçada no contrato de leitura que acaba de ser mostrado.


REFERÊNCIAS

BARTHES, Roland. Novos ensaios críticos, seguidos de o grau zero da escritura. Tradução por Heloísa de Lima Dantas. São Paulo: Cultrix, 19 [--].
BOOTH, Wayne. The Rhetoric of Fiction. London: Penguin, 1991.
CHATMAN, Seymour. In Defense of the Implied Author. In: ______. Coming to Terms: the Rhetoric of Narrative in Fiction and Film. London: Cornell University, 1990. p. 74-89.
FOUCAULT, Michel. Quést-ce qu'un auteur?. Bulletin de la Société Française de Philosophie, Paris, n. 3, p. 73-104, jan./sept. 1969.
GONZÁLES, Horacio. Evita: a militante no camarim. São Paulo: Brasiliense, 1983. (Coleção Encanto Radical).
LEJEUNE, Philippe. El pacto autobiográfico. Anthropos: la autobiografía y sus problemas teóricos: estudios e investigación documental, Barcelona, n. 29, p. 51, 1991.
MARTÍNEZ, Tomás Eloy. Santa Evita. Buenos Aires: Planeta, 1996.
NAVARRO, Mariza. Evita. 2. ed. rev. aum. Buenos Aires: Planeta, 1994-1997.
NEHAMAS, Alexander. What an Author Is. Journal of Philosophy, New York, n.11, p. 685-691, 1986.
ORTIZ, Alicia Dujovne. Eva Perón: la biografía. Buenos Aires: Aguilar, 1995.

1 MARTÍNEZ, Tomás Eloy. Santa Evita. Buenos Aires: Planeta, 1996.
2 Cf. NEHAMAS, Alexander. What an Author Is. Journal of Philosophy, New York, n.11, p. 685-691, 1986.
3 FOUCAULT, Michel. Quést-ce Qu'un Auteur?. Bulletin de la Société Française de Philosophie, Paris, n. 3, p. 73-104, jan./sept. 1969.
4 BOOTH, Wayne. The Rhetoric of Fiction. London: Penguin, 1991.
5 CHATMAN, Seymour. In Defense of the Implied Author. In: ______. Coming to Terms: the Rhetoric of Narrative in Fiction and Film. London: Cornell University, 1990. p. 74-89.
6 LEJEUNE, Philippe. El pacto autobiográfico. Anthropos: la autobiografía y sus problemas teóricos: estudios e investigación documental, Barcelona, n. 29, p. 51, 1991.
7 A capa da edição argentina de Santa Evita exibe a ilustração de Marcela Radicci, na qual se observa, atrás da cabeça da Evita desenhada, ou uma auréola de santidade, ou a lua, onde o imaginário popular garantia ver a "santa", após a sua morte. Isso me leva a pensar que, no outro lado do Rio da Prata, a recepção da obra pudesse haver condicionado o pacto, no sentido de uma leitura que apontasse à Evita ficcionalizada, a qual, de fato, é a que se arraiga em grande parte daquela sociedade. É de se frisar que, nessa edição, o subtítulo novela (romance) aparece logo abaixo do título, em caixa alta.
8 Antes de ser publicado, o texto sofreu várias reformulações, por exigência de Perón, o qual delegou tais correções a Raul Mendé, ministro de "Assuntos Técnicos", que deixou a obra irreconhecível, eliminando conceitos fundamentais, sobretudo, referentes ao feminismo, e enfeitando-a com delirantes elogios a Perón. Conforme: ORTIZ, Alicia Dujovne. Eva Perón: la biografía. Buenos Aires: Aguilar, 1995. p 251-252. Esse fato dá origem à metaficção de: GONZÁLES, Horacio. Evita: a militante no camarim. São Paulo: Brasiliense, 1983. (Coleção Encanto Radical).
9 Aqui, conservei a expressão que figura na edição argentina, por considerá-la em maior consonância com as peculiaridades do idioma espanhol, e em virtude de que sua inteligibilidade não fica prejudicada, no português.
10 As alterações das certidões de Eva são tratadas na obra Santa Evita. A "verdade" dessas mentiras é trazida a lume por: NAVARRO, Mariza. Evita. 2. ed. rev. aum. Buenos Aires: Planeta, 1994-1997. p. 38. ORTIZ, 1995, p. 22. Eva teria sido registrada em Los Toldos (General Viamonte), sob o nome de Eva María Ibarguren, e com a data de nascimento de 07 de maio de 1919. A ata sumiu do Registro Civil, e, na ata de casamento, constam, respectivamente, como local e data de seu nascimento, a cidade de Junín e o dia 7 de maio de 1922. O registro que Eva apresentou para a cerimônia de casamento era falsificado, contendo outras (in) correções: seu local de domicílio, bem como o de seu irmão (Junín), quando ambos viviam em Buenos Aires; seu nome (María Eva Duarte); seu status de filiação (filha legítima); o estado civil de Perón (solteiro), quando era viúvo.
11 Essa designação, usava-a Jorge Luis Borges.
12 Na Argentina, acredita-se que quem se envolver com Evita, ou tocar em seu nome, pode acabar dando-se mal. Os argentinos parecem desenvolver toda uma superstição em torno de nomes próprios, evidenciada por alguns designadores substitutivos: El Zorzal (Gardel), El Gardel da las províncias, ou La voz sentimental de Buenos Aires (Agustín Magaldi), El Pelé Blanco (Diego Armando Maradona), El Turco (Carlos Saul Menen), etc. O nome próprio desse ex-presidente argentino, deve-se evitar pronunciá-lo, pois também traria má sorte.
13 BARTHES, Roland. Proust e os nomes. In: ______. O grau zero da escritura. Novos ensaios críticos, seguidos de o grau zero da escritura. Tradução por Heloísa de Lima Dantas. São Paulo: Cultrix, 19 [--].
© 2006 - Todos os direitos reservados - Desenvolvido por Odirlei Vianei Uavniczak