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Literatura e Autoritarismo
Contextos Históricos e Produção Literária
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Revista nº 12 

APRESENTAÇÃO

Ao apresentarmos o número 12 da Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo, manifestamos nossa alegria pelo interesse que esta publicação vem despertando na comunidade acadêmica, não só por parte de leitores, mas também por parte de pesquisadores empenhados na divulgação de seus trabalhos. Assim, esta edição, intitulada Contextos históricos e produção literária, contém dez artigos resultantes de pesquisas vinculadas a programas de pós-graduação stricto sensu de diferentes universidades do país: UnB, UFMG, UFMS, UFPel e a própria UFSM.
Em Literatura e marginalidade em Plínio Marcos: uma leitura de Querô, uma reportagem maldita, Wagner Corsino Enedino e Éwerton de Freitas Ignácio apresentam homologias entre artifícios discursivos e ideologias na obra em questão, sempre tomando como base os critérios propostos por Quijano para o estudo da marginalidade e os conceitos bakhtinianos de polifonia. Os autores também exploram o texto como história e discurso, ancorando-se em princípios de distintas correntes da teoria da literatura.
Rauer Ribeiro Rodrigues e Kelcilene Grácia-Rodrigues propõem-se, em O doloroso impasse do poético diante do autoritarismo e do horror, a percorrer considerações teóricas que examinam o autoritarismo como um elemento do horror, verificando de que modo tal concretude do fato histórico é mimetizado e representado nas poéticas reconhecidas pelo cânone da literatura brasileira. Partindo das considerações de Luiz Costa Lima em O redemunho do horror (2003), os autores verificam uma repulsa à alteridade característica do canônico nas letras nacionais.
Em A intermitência da memória: transcontextualização em “O corpo”, de Clarice Lispector, João Manuel dos Santos Cunha examina as relações entre a ditadura militar brasileira e a literatura de ficção produzida no país naquela época, centrando a reflexão na análise comparada de “O coração delator” (1843), de Edgar Allan Poe, “O coração denunciador” (tradução de Clarice Lispector para o texto de Poe, 1974) e o conto “O corpo” (1974), de Lispector.
Enéias Farias Tavares propõe o problema central do seu artigo logo no título: O Coração das Trevas, de Joseph Conrad: defesa de uma utopia colonialista ou crítica ao sistema imperial de seu tempo? . Ao analisar o romance em questão a partir da afirmação de Edward Said, de que o Oriente se cria a partir do Ocidente, Tavares estabelece um diálogo entre a leitura do processo de colonização realizada pelo autor de Cultura e Imperialismo e a representação literária dos modos de dominação conhecidos como civilizatórios apresentada em O Coração das Trevas.
Em Escrever sob risco: Os Diários de Victor Klemperer como literatura de testemunho, Elcio Cornelsen reflete sobre os conceitos centrais desta literatura a partir da obra intitulada. Para Cornelsen, o autor dos diários presta um testemunho do cotidiano de discriminação e violência contra judeus na Alemanha nazista, mas também de si como alguém que escreveu sob risco.
Lendo a partir de uma perspectiva de gênero, Cíntia Schwantes analisa o conto “Dançar tango em Porto Alegre”, do escritor gaúcho Sérgio Faraco. Em seu artigo, A coreografia do tango: viagem e gênero em Sérgio Faraco, Schwantes também insere o conto na tradição literária sul-rio-grandense para melhor compreendê-lo.
Ao analisarem representações de gênero e relações de poder em São Bernardo, de Graciliano Ramos, Lígia Paschoal Belon e Marlene Durigan visam destacar a assimetria das subordinações entre masculino e feminino como simulacro de práticas patriarcais e capitalistas representativas do contexto histórico de produção da obra. Para tanto, em Representações de gênero e relações de poder em São Bernardo, de Graciliano Ramos, as autoras focalizam as escolhas léxico-gramaticais e enunciativas de alguns recortes significativos do texto.
Em Lima Barreto e a mulher, Carlos Erivany Fantinati busca delinear a concepção de mulher nos textos de Lima Barreto, além de compreender a “contradição inexplicável” do autor em relação às mulheres e sua deficiência na criação de tipos femininos.
Para mensurar o alcance e a influência exercida pelo movimento higienista e pelo pensamento eugênico em obras brasileiras de ficção científica, Ramiro Giroldo, em Higienismo na ficção científica brasileira: da utopia à distopia, analisa três romances, produzidos em momentos históricos distintos: O Presidente Negro (1926), de Monteiro Lobato, 3 Meses no Século 81 (1947), de Jeronymo Monteiro, e Fazenda Modelo (1974), de Chico Buarque.
Em E se Hitler escrevesse um romance de ficção científica?: uma análise de O Sonho de Ferro, de Norman Spinrad, Rodolfo Rorato Londero analisa o romance em questão a partir do conceito de metaficção historiográfica elaborado por Linda Hutcheon. O objetivo principal do artigo é discutir a paródia realizada por Spinrad das idéias autoritárias e racistas identificadas nas pulp fictions norte-americanas da primeira metade do século XX.
Ao disponibilizarmos este número da Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo, esperamos, além de dar espaço para divulgação das pesquisas mais recentes realizadas por pesquisadores de diferentes universidades, oportunizar a discussão sobre estudos literários e culturais dentro de uma perspectiva crítica, fundamentada na oposição a estruturas autoritárias que limitam e direcionam a constituição de culturas e sociedades. Agradecemos aos autores desta edição pela disponibilização de seus artigos.

Rosani Úrsula Ketzer Umbach
João Luis Pereira Ourique
Rodolfo Rorato Londero (Orgs.)
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