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Literatura e Autoritarismo
Translações Culturais – Repressão e Resistência
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Revista nº 13 

APRESENTAÇÃO

Ao chegarmos à décima terceira edição da Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo, sentimo-nos orgulhosos em poder contribuir com a divulgação de material para a pesquisa.
A credibilidade alcançada por esta publicação ao longo dos últimos anos reflete um trabalho insistente e incansável dos pesquisadores ligados ao Grupo de Pesquisa Literatura e Autoritarismo que – apesar de todas as limitações – não esmoreceram para manter o nível de qualidade desta publicação.
Agradecemos pelas contribuições submetidas por pesquisadores externos ao grupo, enfatizando que, sem elas, estaríamos fechados em uma retórica que contribuiria muito pouco para a intenção desse veículo. Fazemos, mais uma vez, um agradecimento especial aos autores que enviaram seus trabalhos para esta edição, mantendo o padrão que, desde a sua primeira edição, vem sendo buscado e, acreditamos, atingido em grande parte.
Carlos Eduardo Fernandes Netto abre este número com o artigo PROSA DE FICÇÃO BRASILEIRA SOBRE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL. Trazendo um estudo sobre os escritores José Geraldo Vieira, João Alphonsus e Boris Schnaiderman, Netto defende que esses autores, no contexto histórico emblemático da Segunda Grande Guerra, foram capazes de observar para além dos desdobramentos do conflito ou das informações da frente de batalha oportunizadas pelos noticiários da época: “A observação dos fatos como catástrofe de dimensão planetária, dado o caráter universal do sofrimento, exerce, na ficção desses escritores, o papel de despertar a atenção para os absurdos a que os seres humanos são atirados e nos quais o próprio sentido de humanidade se desfaz”.
O ROMANCE HISTÓRICO E O EXÍLIO: HEINRICH MANN E HENRI QUATRE, de autoria de Élcio Cornelsen, discute o exílio não reduzido a um elemento complementar da análise literária. Aborda o processo no qual o indivíduo transita, bem como as estruturas que permeiam toda a composição, relacionando os elementos ligados à estética da resistência na época do nazismo. “A arte no exílio era permanentemente dependente das condições de produção artísticas e das relações políticas do país em que o escritor exilado se encontrava. Isto fez com que surgissem algumas especificidades na produção de uma estética de resistência em cada centro de exílio”.
Leandro Pereira Gonçalves assina o terceiro texto desta edição. Denominado como A INTELECTUALIDADE INTEGRALISTA DE PLÍNIO SALGADO: UMA ANÁLISE DO DISCURSO LITERÁRIO, Gonçalves discute questões como o nacionalismo político e o papel do intelectual nas legitimações de ideologias, evidenciando o conceito de imperialismo cultural. Discute, assim, que o integralismo brasileiro, “idealizado primordialmente pelo modernista Plínio Salgado, teria a base ideológica no fascismo italiano. Essa leitura relaciona-se com a ‘teoria da dependência’, que via com restrições a capacidade dos intelectuais brasileiros de pensarem o Brasil com independência intelectual dos modelos estrangeiros”.
O SOCIAL E O INDIVIDUAL: RELAÇÕES CONFLITUOSAS EM A PRISÃO DE J. CARMO GOMES, DE GRACILIANO RAMOS, de autoria de Eliana da Mota Bordin de Sales e José Batista de Sales, se propõe a analisar o conto de Graciliano Ramos - A prisão de J. Carmo Gomes – com base na sociologia literária. Problemas de forma são evidenciados em função do contexto de repressão existente na sociedade que “já apresenta degradado um valor no momento mesmo de sua conquista e defesa. Daí a desconfiança, a delação e depois o medo”.
Luciana Ferrari Montemezzo apresenta um trabalho centrado em uma perspectiva de que “A toda tradução subjaz um procedimento de compreensão e interpretação que, via de regra, passa despercebido pelo leitor”. Em “TRILOGIA DRAMÁTICA DA TERRA ESPANHOLA”: A TRADUÇÃO COMO PROCESSO E COMO RESULTADO, Montemezzo busca o trânsito intercultural de textos enfatizando que a tradução se caracteriza como um processo não plenamente realizado ou concluso, mas que “Cada tradução demandará sempre, ainda, um processo de escolha. Paralela a cada escolha feita, existe, pelo menos, uma outra possibilidade, quando não várias, de tradução não concretizada, conforme sintetizou BENJAMIN (2001) no vocábulo (die) Aufgabe: ao mesmo tempo em que traduzir implica uma tarefa, também provoca uma renúncia”.
Em DER LESER MACHT DAS KUNSTWERK: BRECHTS GEDICHT “DER RAUCH” UND DIE REZEPTIONSÄSTHETIK IN DER DDR, sexto artigo publicado, Rosani Ketzer Umbach comenta o efeito que o poema “Der Rauch” (A fumaça), escrito por Bertolt Brecht na época da construção do regime socialista na extinta República Democrática Alemã, ainda pode ter sobre o leitor nos dias atuais, buscando embasamento teórico na teoria literária da RDA, a qual se voltou para a estética da recepção a partir dos anos 70.
No sétimo texto desta edição, LITERATURA E REPRESENTAÇÃO SOCIAL: A MARGINALIDADE E A SUBALTERNIDADE EM PLÍNIO MARCOS, Wagner Corsino Enedino e Gizylene Clímaco de Castro partem da multiplicidade de temas presentes na obra de Plínio Marcos. Enfatizam que nos textos do autor “despontam personagens cujos comportamentos e cujo discurso projetam uma realidade social, num levantamento quase documental de situações sociais e de caracteres que, embora atuais, extrapolam limites temporais e espaciais para inscreverem-se numa cosmovisão sócio-política de cunho mundial”.
João Luis Pereira Ourique e Rodrigo Pedroso Fernandes, autores do artigo A RELAÇÃO LITERATURA E SOCIEDADE NA LÍRICA TROVADORESCA DE PEIRE CARDENAL, analisam o poema Cansò, traduzido do francês para o português, “com o intuito de discutir a poesia de Peire Cardenal em sua relação com a sociedade-indivíduo no contexto histórico medieval”, ao mesmo tempo em que refletem sobre o papel que a lírica exerce no processo de formação cultural.
Em sua resenha INFLAMADA INDIGNAÇÃO, Débora Racy Soares apresenta a obra de Daniel Bensaïd Os Irredutíveis – Teoremas da Resistência para o Tempo Presente (São Paulo: Boitempo, 2008, 98 p.). Nela, o professor de Filosofia da Universidade de Paris VIII, ativista político francês, “presença constante nos movimentos de maio de 1968”, formula “cinco provocativos ‘teoremas’”.
Desejamos uma boa leitura, esperando que ela instigue reflexões e novas contribuições para o debate sobre a Literatura e os Estudos Culturais.

João Luis Pereira Ourique
Rosani Ketzer Umbach
(Orgs.)

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