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Literatura e Autoritarismo
Translações Culturais – Repressão e Resistência
Capa | Editorial | Sumário | Apresentação        ISSN 1679-849X Revista nº 13 

A RELAÇÃO LITERATURA E SOCIEDADE NA LÍRICA TROVADORESCA DE PEIRE CARDENAL

João Luis Pereira Ourique1
Rodrigo Pedroso Fernandes2
Resumo: O estudo da obra literária de Peire Cardenal (1180-1278) visa uma reflexão sobre o papel que a lírica exerce no processo de formação cultural. Neste trabalho, será analisado um poema (Cansò), traduzido do francês para o português, com o intuito de discutir a poesia de Peire Cardenal em sua relação com a sociedade-indivíduo no contexto histórico medieval.
Palavras-chave: formação cultural; literatura; história; poesia; Peire Cardenal.
Abstract: The study of the literary composition of Peire Cardenal (1180-1278) seeks a reflection about the function that the lyric exerts in the process of cultural formation. In this work, a poem (Cansò) translated of the Frenchman for the Portuguese, it will be analyzed. Thus, there is an intention to argue the poetry of Peire Cardenal in its relation with the society-individual in the medieval historical context.
Keywords: cultural formation; literature; history; poetry; Peire Cardenal.

Pretendemos, por meio de uma análise da lírica do trovador Peire Cardenal (1180-1278), estabelecer um diálogo entre a História e a Literatura. O conjunto de sua obra3 é composto de noventa e seis poemas, de diversos gêneros, como coblas, cansòs, estribots, sirventès e comjats, dentre os quais mais de setenta são sirventès com as mais inflamadas sátiras à imposiçao sociocultural, moral, política e religiosa dos invasores franceses e pela Igreja, a partir dos eventos da cruzada albigense em 1209. Constata-se, em sua produção lírica, forte teor de engajamento e anticonformismo.
Na França, desde a formação do Félibrige4, o interesse e a valorização literária dos trovadores começam gradativamente a ganhar campo e, a partir da década de trinta do século vinte, ganhará novo folego por meio de pesquisadores e literatos como René Lavaud, René Nelli, Charles Camproux, Jean Duvernoy, Pierre Bec, entre outros. No Brasil, pode-se destacar como principal expoente o Professor Emérito da Universidade de São Paulo, Segismundo Spina, que dedicou boa parte de sua vida acadêmica à pesquisa da lírica medieval como um todo.
Peire Cardenal nasceu em 1180 em Puei Nostra Domna, atual Puy-En-Velay, então uma das grandes capitais intelectuais e religiosas da cristandade Ocidental, entreposto para o caminho de Santiago de Compostela e ponto de peregrinação a Virgem Negra, Notre-Dame du Mont-Anis. A intensa passagem de transeuntes e comerciantes de vários pontos da Europa fez que essa cidade se transformasse em um centro de propagação de novas idéias e de intensa produção intelectual, o que levará à criação e à expansão das Confréries de la Paix, com o intuito de pôr fim às injustiças e reformar a ordem social em favor das camadas populares. Logo essas confrarias serão sufocadas pela nobreza e o clero.
É nesse cenário que Peire Cardenal, filho de nobres locais, por indicação e desejo de seu pai, inicia seus estudos no Canonicado Maior da Catedral e na Universidade Saint-Mayol. A base de seus estudos consistia em leitura e canto, gramática latina, latim litúrgico, leitura de breviários e cantochão, elementos de letras e ciências, teologia, direito canônico e civil. A relativa liberdade intelectual e a aceitação às estruturas profanas fazem que Cardenal freqüente os torneios cavaleirescos e poéticos populares na corte do Puy.
Aos vinte anos, decide abandonar a carreira canônica e empenhar-se como poeta trovador. A sua formação intelectual e talvez a influência do pensamento ainda vivo das confrarias, bem como a forte religiosidade mariana em sua formação, transformam-no em um poeta moralista. Em 1204, se desloca para Toulouse e assume o posto de secretário de Raymond VI (1156 – 1222), conde de Toulouse. De suas primeiras peças, constituídas de uma cansò religiosa e quatro coblas (EISSART, 2005), nos restam apenas cinco e datam de 1200 a 1204.
No ano de 1209, acontecimentos ligados diretamente a Raymond VI e à corte de Toulouse fazem que a França Meridional seja palco de um conflito armado empreendido pela Igreja Apostólica Romana sob as ordens do Papa Inocêncio III (1198-1216), e o Rei da França, Felipe Augusto. O enfrentamento, que tinha por objetivo pôr termo à expansão da heresia “Catara5”, restabelece o poder secular da Igreja e a anexa o território à coroa francesa (MACEDO, 2000).
Desde séculos, a região ensolarada da Provença, do Diois ao porto de Marselha, do Ródano aos Alpes, foi terra de passagem e de confluência cultural, abrigando gregos, romanos, godos, judeus e muçulmanos e acolhendo todos os tipos de filosofia. É no interior dessa transformação sincrética, influenciada pela cultura oriental, fomentada pela liberdade intelectual e pela profunda aceitação de idéias estrangeiras, bem como pela tolerância religiosa, que se dará, dentro de um plano mental, aos olhos sociedade occitânica, a concepção de unidade, reconhecendo-se como pertencente a uma civilização original distinta dos habitantes do norte.
Todos esses fatores contribuíram para a formação de uma mentalidade mais apropriada às transformações religiosas, morais e sociais que o catarismo enunciará (ele próprio jamais havia sido completamente estranho às concepções filosóficas dos meridionais). É nesse cenário que a filosofia dualista encontrará solo fértil entre todas as camadas da sociedade feudal meridional e que, em determinado momento, se colocará como uma ameaça ao domínio eclesiástico e à monarquia centralista francesa, culminando com a Cruzada Albigense6.
Tal feito gerou uma consciência de inconformismo e de resistência política e cultural entre os habitantes do sul e encontraria nos trovadores seus maiores propagadores, dos quais Peire Cardenal viria a ser o maior expoente. A Cruzada pode ser o marco de transformação da lírica trovadoresca occitânica. Macedo (2000) nos orienta que, verificando a temática e o conteúdo da lírica cortês no século XIII e considerando as profundas vinculações dos autores dos poemas com o meio aristocrático em que essa lírica foi produzida, vários pesquisadores chegaram a semelhantes conclusões: enquanto no século XII predomina a criação poética de vertente lírico-amorosa, para uma reflexão em torno do amor cortês, no século XIII, em decorrência do subjugo provençal pelos franceses do norte, os problemas sociais, a sátira aos valores morais, culturais e políticos, em contraposição aos invasores, tornam-se as principais abordagens. Surge então um novo gênero: o sirventès, sobre o qual se manifesta Macedo (2000, p. 64):
Esses temas são encontrados com relativa constância no gênero poético denominado Sirventès ou Sirventois, peça satírica nas quais os poetas puderam tratar das querelas políticas existentes entre os nobres, das guerras e da conduta dos senhores feudais. Antigos especialistas do trovadorismo francês não deram a devida atenção ao valor literário e histórico dessas peças. Alfred Jeanroy desqualificou-as tanto no plano estético quanto no conteúdo tratado. Joseph Anglade também considerava inferiores ao gênero amoroso tratado nas chansons. Mas nos últimos tempos a crítica histórica e literária tem reavaliado tais considerações. Mais que pontos de vista pessoais ou simples juízos de valor, a poesia satírica punha em relevo conceitos essenciais da comunidade em que os compositores estavam inseridos, bem como valores culturais e morais comuns aos dos seus coevos. Segundo Paul Ourliac, os trovadores tornaram-se o espelho e os críticos por excelência de sua época, desenvolvendo uma cosmovisão apresentada na forma de constantes dicotomias; o bem e o mal, o certo e o errado, a justiça e a injustiça. Robert lafont vai mais adiante, vendo nessa literatura de contestação o veiculo de transmissão da moral publica vigente na sociedade meridional.
É de 1209 que datam seus primeiros sirvèntes. O conjunto de sua obra contém noventa e seis poemas, de diversos gêneros (coblas, cansòs, estribots, sirventès e comjats), dos quais mais de setenta são sirventès, com a mais notável inflamação crítica contra a conduta moral, política e a imposição cultural dos franceses e da Igreja em solo occitânico.
Constatamos então que, durante a segunda fase da manifestação lírica trovadoresca occitânica, os fatores internos e externos7 contribuíram para a formação de um discurso inconformista e “engajado”, pleno de ordem político-social e moral, que se pode relacionar tanto com o conceito adorniano de engajamento quanto com a crítica de Walter Benjamin à noção unicamente positiva ao conceito de progresso:
Há um quadro de Klee que se chama Angelus Novus. Representa um anjo que parece querer afastar-se de algo que ele encara fixamente. Seus olhos estão escancarados, sua boca dilatada, suas asas abertas. O anjo da história deve ter esse aspecto. Seu rosto está dirigido para o passado. Onde nós vemos uma cadeia de acontecimentos, ele vê uma catástrofe única, que acumula incansavelmente ruína sobre ruína e as dispersa a nossos pés. Ele gostaria de deter-se para acordar os mortos e juntar os fragmentos. Mas uma tempestade sopra do paraíso e prende-se em suas asas com tanta força que ele não pode mais fechá-las. Essa tempestade o impele irresistivelmente para o futuro, ao qual ele vira as costas, enquanto o amontoado de ruínas cresce até o céu. Essa tempestade é o que chamamos progresso (BENJAMIN, 1994, p.226).
Tal perspectiva sobre progresso pode ser associada à preocupação de Adorno (1991, p. 54) com o tendencionismo:
Teoricamente ter-se-ia que distinguir engajamento de tendencionismo. A arte engajada no seu sentido conciso não intenta instituir medidas atos legislativos, cerimônias práticas. Como antigas obras tendenciosas contra a sífilis, o duelo, o parágrafo do aborto, ou as casas de correção institucional, mas esforça-se por uma atitude: Sartre, por exemplo, pela decisão, como condição do existir frente à neutralidade espectadora. A Inovação toma artística do engajamento, porem frente ao veredicto tendencioso torna o conteúdo em favor do qual o artista se engaja plurissignificativo, ambíguo. A categoria da decisão, originariamente de Kierkegaard, acresce-se em Sartre da herança Cristã do: quem não esta comigo, esta contra mim, porem sem o conteúdo concreto teológico.
Podemos exemplificar em Cardenal essa concepção que transita entre a intencionalidade da obra literária e o seu afastamento das questões mais ligadas ao social. Devemos deixar bem claro que a intenção em si não é o elemento-chave, mas sim o efeito que a ligação entre aquilo que se pretende enfatizar e o significado decorrente oportuniza. Esse efeito de sentido, muitas vezes, torna evidente a incorporação de valores nos quais são ressaltados elementos opostos à tendência inicial, aderindo a um modelo ideológico que conscientemente se pretende combater.
No poema (Cansò) Agora posso verdadeiramente cantar os louvores do Amor8, datado entre 1204-1208, Peire Cardenal apresenta uma outra forma de encarar o sentimento de amor, distante de uma tensão, segundo o eu-lírico aponta, que compromete a convivência humana e faz aflorar os aspectos negativos decorrentes da passionalidade – para consigo mesmo e para com o outro. O momento de serenidade e alívio evidenciada na superação da angústia e da privação física e psicológica – presentes na décima que compõe a estrofe I – se justifica no último verso quando deixa claro que abandonou não ao amor, mas a sua forma mais egoísta.
1. Agora posso verdadeiramente cantar os louvores do amor.
2. Ele não me priva mais do alimento nem do sono.
3. Eu não suporto mais, por sua falta, nem o frio nem o calor.
4. Não há mais vãs esperas, não há mais longos suspiros.
5. Não há mais boemias noturnas,
6. Nem conquistado, nem atormentado
7. Não estou nem infeliz, nem aflito.
8. Não reservo mais para ele os serviços de nenhum mensageiro.
9. Não o sou mais nem traído nem enganado.
10. Porque sou eu quem o abandonou.9
Na estrofe II, o eu-lírico enfatiza ainda mais o momento em que a satisfação é encontrada não na submissão do ser amado ou na força que move o ser humano e justifica – de todas as formas – a realização desse sentimento que se confunde com um desejo de posse e dominação. Um amor incondicional que o faz se sentir e ser melhor, que visa transformar a si antes de mudar as coisas e as pessoas, é traduzido como a maior satisfação (verso 1). O medo – tanto o medo em si quanto o medo de agir conforme os ditames de uma passionalidade cega – surgem como superados (versos 2 a 5), bem como as perdas e ganhos, na maioria das vezes ilusórios, são apresentados e discutidos sobre essa outra lógica (versos 6 a 10).
1. Outra satisfação não tenho maior:
2. Por ele enfim, não traio nem faço trair.
3. Não temo mais assim, nem a traidora nem o traidor.
4. Nem cruel ciumento me perseguindo com sua raiva.
5. Não realizo por ele nenhuma insana proeza.
6. Por ele não sou nem surpreendido nem rejeitado,
7. E não sou mais nem roubado nem despojado.
8. Por causa dele não faço nem longa e nem vã espera.
9. Não digo nem que fui violentado pelo Amor,
10. Nem que me arrancaram o coração.10
E é na estrofe IV do poema (Cansò) Agora posso verdadeiramente cantar os louvores do Amor, datado entre 1204-1208, além da presença evidente do pensamento filosófico occitânico quando é invocada uma vertente mais humanista, que se acirra a defesa do eu-lírico em prol de um amor que constrói, acima de todas as outras coisas mundanas. A elevação do amor como força mor do vencedor, ou seja, um amor voltado para os seus semelhantes, evidencia a verdadeira luta: a que ocorre dentro de nós, com nossas angústias e desonestidades. O vencedor desse embate reflete na sociedade que o cerca, devasta a intolerância, diferentemente do vencedor de cem cidades.
1. O vencedor em verdade,
2. Merece mais louvores que o vencido,
3. Pois é coberto de flores
4. Enquanto que o outro se amortalha.
5. Assim, aquele que sufoca em seu coração,
6. Os desejos desleais
7. Que pratica atos inconvenientes
8. E outras desonestidades,
9. Desta vitória, deve ser mais honrado
10. Que se tivesse vencido cem cidades.11
Relacionando essa questão com o cenário no qual Peire Cardenal estava inserido, podemos entender a crítica que estes versos exercem. Não basta enfrentar o inimigo com suas armas de destruição e sua forma de conquista, é necessário enfrentarmos a nós mesmos para que o vencedor possa ser louvado. É importante mencionar que a existência de um cenário valorizador dos modelos tradicionais de conquista contribui para que Cardenal não consiga romper totalmente com essas questões. Afirma que deve ser mais honrado aquele que luta contra suas desonestidades, não deixando de receber honras o que conquista territórios através de batalhas. No entanto, essa contraditoriedade não diminui decisivamente o aspecto humanista ressaltado inicialmente, tendo em vista a desproporção entre os feitos que pende exageradamente para a batalha interna.
Jürgen Habermas (2002) discute se textos filosóficos e científicos podem ser literatura. Aborda a questão do modo discursivo empregado por autores vinculados a esses campos do saber e que produziram obras do ponto de vista linguístico emblemáticas para serem reconhecidas também como literatura. Em Peire Cardenal, por ser um trovador e produzir na forma lírica, ocorre o inverso: a presença da literatura para difundir ideais filosóficos. Além disso, o pensamento formador da coletividade na qual estava inserido ainda era predominantemente metafísico. O interessante disso é que a arte rompe com essa forma de pensamento, antecipando a fragmentação da identidade e a impossibilidade mesmo de sua existência.
O nivelamento da diferença de gênero entre filosofia e ciência, de um lado, entre filosofia e literatura, de outro, expressa uma compreensão de literatura, que é fruto de discussões filosóficas. E estas, por seu turno, devem ser situadas no contexto de uma guinada que leva da filosofia da consciência à da linguagem, mais precisamente, num tipo de guinada linguística, a qual acaba com a herança da filosofia do sujeito, de um modo especialmente raivoso. (HABERMAS, 2002, p. 237)
Resgatar a obra de Cardenal, confrontando a leitura tradicionalmente realizada com um modelo inserido em um pensamento pós-metafísico, como afirma Habermas, pode lançar luz a questões interessantes tanto da perspectiva histórica quanto literária. Adorno, em Discurso sobre lírica e sociedade, afirma que a “generalidade do conteúdo do lírico é essencialmente social”, inserindo-se em uma perspectiva capaz de refletir sobre esse entrelaçamento entre um pensamento filosófico que visa romper com o modelo de dominação, mas que adere a ele no seu caráter argumentativo. Tal rompimento só se faz a partir da própria lírica, da relação com a “solidão da palavra” (ADORNO, 1975, p. 344).
Por isso, a reflexão sobre a obra de arte está autorizada e obrigada a perguntar-se concretamente sobre o conteúdo social e a não contentar-se com o vago sentimento de um algo geral e compreensivo. (...) Mas esta ideia, a interpretação social da lírica, como de toda a obra de arte em geral, não deve visar, sem mediação, à chamada posição social ou a situação de interesse das obras, e menos ainda de seus autores. Deve, antes, precisar como aparece na obra de arte o todo de uma sociedade como unidade em si mesma contraditória ; até que ponto fica a obra de arte condicionada à sociedade, e em que medida ela a ultrapassa. (ADORNO, 1975, p. 334).
Os versos de Peire Cardenal conseguem ultrapassar essa relação de condicionamento quando do momento de ruptura em prol da tentativa de cantar o amor. Nesse instante, a lírica estabelece um clima de tensão que produz o sentido da filosofia pretendido intencionalmente e que, pelo tendencionismo, falha. Podemos dizer, com Adorno, que os versos engajados forçam o argumento de um Eu que perdeu a natureza e pretende resgatá-la mergulhando em si mesmo. “Só por humanização poderá ser devolvido à natureza o direito que o domínio humano lhe arrebatou” (ADORNO, 1975, p. 345).

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1 Professor Adjunto da Universidade Federal de Pelotas – UFPel.
2 Mestrando em Letras – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS.
3 É importante mencionar um dos poucos – senão o único - livros existentes sobre a obra de Peire Cardenal: Poésies Complètes du Troubadour Peire Cerdenal, escrito pelo especialista francês René Lavaud, cuja primeira edição remonta ao ano de 1957.
4 Associação literária fundada em 1854 por Fréderic Mistral, composta por outros letrados occitânicos na busca da reestruturação da língua provençal e da preservação cultural do Languedoc.
5 Palavra derivada de καθαρός / katharós – palavra grega – Puros - Em 1163, Eckebert de Schönaugen, cânone de Colônia, após execução de 10 heréticos na fogueira, escreve Sermão contra os cátaros: - Esses Heréticos não existam de se nomearem a eles próprios de Catharos.
6 Incursão bélica contra o sul da França com o intuito de combater o catarismo, religião dissidente cristã, e reinstaurar o poder político da coroa francesa em mãos de nobres locais. O termo “albigense” refere-se à cidade de Albi, por se acreditar que fosse o principal reduto dos cátaros.
7 Segundo a definição de Antônio Cândido (2006).
8 Título em provençal: Ar me puesc ieu lauzar d'Amór. Título em francês: Maintenant je peux vraiment chanter les louanges de l'Amour. Tradução do poema do provençal para o francês foi realizada por Didier Eissart, mantenedor de um site dedicado a Peire cardenal - www.cardenal.org. A tradução do francês para o português do poema aqui analisado foi realizada por Rodrigo Pedroso Fernandes.
9 Versão em provençal: “Ar me puesc ieu lauzar d'Amór, / Que no-m tol manjar ni dormir; / Ni-n sent freidura ni calór / Ni no-n badalh ni no-n sospir / Ni-n vauc de nueg arratge / Ni-n soi conquistz ni-n soi cochatz, / Ni-n soi dolenz ni-n soi iratz / Ni no-n logui messatge; / Ni-n soi trazitz ni enganatz, / Que partitz m'en soi ab mos datz.”. Versão em francês: “Maintenant je peux vraiment chanter les louanges de l'Amour. / Il ne me prive plus de repas ni de sommeil. / Je n'endure plus par sa faute ni la froidure ni la chaleur. / Plus de vaines attentes, plus de longs soupirs, / plus de vagabondages nocturnes. / Ni conquis, ni tourmenté, / je n'en suis ni malheureux ni affligé. / Je ne loue plus pour lui les services d'aucun messager. / Je n'en suis plus ni trahi ni trompé / puisque c'est moi qui ai abandonné la partie.”.
10 Versão em provençal: “Autre plazer n'ai ieu maior, / Que no-n traïsc ni fauc traïr, / Ni-n tem tracheiris ni trachor / Ni brau gilos que m'en azir; / Ni-n fauc fol vassalatge, / Ni-n soi feritz ni derocatz / Ni no-n soi pres ni deraubatz; / Ni no-n fauc lonc badatge, / Ni dic qu'ieu soi d'amor forsatz / Ni dic que mos cors m'es emblatz.”. Versão em francês: “Autre satisfaction plus grande encore: / pour lui enfin, je ne trahis ni fais trahir. / Je ne crains plus à ce sujet ni traîtresse ni traître, / ni farouche jaloux me poursuivant de sa haine. / Je n'accomplis pour lui aucun fol exploit, / pour lui je ne suis ni frappé ni renversé / et ne suis non plus ni volé ni dépouillé. / A cause de lui je ne fais point longue et vaine attente / et je ne dis ni que je suis violenté par l'Amour / ni que l'on m'a arraché le coeur.”.
11 Versão em provençal: “Mais deu hom lauzar vensedor / Non fai vencut, qui-l ver vol dir, / Car lo vencens porta la flor / E-l vencut vai hom sebelir; / E qui venc son coratge /De las desleials voluntatz / Don ieis lo faitz desmezuratz / E li autre outratge, / D'aquel venser es plus onratz / Que si vensía cent ciutatz”. Versão em francês: “Le vainqueur, en vérité, / mérite plus de louanges que le vaincu, / car il est couvert de fleurs / alors que l'autre on va l'ensevelir. / Ainsi, celui qui étouffe en son coeur / les envies déloyales / qui entraînent actes inconvenants / et autres déshonnêtetés, / de cette victoire, il doit être plus honoré / que s'il avait vaincu cent cités”.
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