Capa |  Editorial |  Sumário |  Apresentação        ISSN 1679-849X Revista nº 7 

APRESENTAÇÃO

Os textos que compõem o sétimo número da Revista Eletrônica Literatura e Autoritarismo podem ser agrupados na ordem de sucessão expressa pelo título: Cinema, Música e História. Deste modo, apresenta-se primeiramente o artigo de Lizandro Carlos Calegari, "A mulher no cinema brasileiro e a tentativa de afastamento da heteronormatividade: uma leitura de Dona Flor e seus dois maridos", cuja análise aponta para o fato de que o cinema desempenhou papel essencial como meio de comunicação de massa, passando a servir como veículo para a propagação de determinadas ideologias. A tópica do trabalho recai sobre a avaliação do cinema como um preponderante veículo de difusão de ideologias sexuais e de gênero na sociedade brasileira, enfocando a constituição da identidade feminina no filme Dona Flor e seus dois maridos e sinalizando a forma pela qual a protagonista tenta transgredir a heteronormatividade e o código patriarcal.
Em segundo lugar posiciona-se o trabalho intitulado "A música em Caminhos cruzados e O prisioneiro", de Gérson Luís Werlang, que aborda o papel da música na obra de Erico Verissimo. Visto serem ambos os romances perpassados por uma reflexão em relação ao social e ao histórico, o primeiro consistindo em uma forma de protesto e o segundo manifestando um aprofundamento das preocupações do escritor com o momento, a música entra na composição ficcional para salientar a voz e os pontos de vista relativos aos grupos sociais representados e a sintonia do autor com sua época.
Em terceiro, agrupam-se os trabalhos que avaliam o papel da História em obras literárias ou que, por sua abordagem, apresentam um caráter de valorização da influência da História sobre a criação literária. De acordo com tal orientação, segue o texto "Videiras de cristaI - O romance dos Muckers: contrastes entre ficção e história, de Tiane Reusch de Quadros, que tematiza a questão da pluralidade de visões históricas acerca de acontecimentos que marcaram a formação de determinada época e região, visando a esclarecer o fato de que a forma pela qual esse elemento é incorporado à composição ficcional do romance histórico pode levar ao questionamento ou à reprodução de mecanismos ideológicos.
"A dialética entre divisão e união em A batalha de Armínio: uma alegoria da história e da questão nacional alemãs", de Márcio José Coutinho, radica em torno da importância da formação histórica e do sentido da constituição nacional, em termos de cultura, de tradição e de patrimônio simbólico, para a composição do drama A Batalha de Armínio, do dramaturgo alemão Heinrich von Kleist. Visa-se assim a verificar o modo alegórico pelo qual as referidas instâncias se inserem na elaboração estética da referida obra, bem como o papel da dialética para o sentido de superação intrínseco à obra.
"Luz e sombra: memórias da repressão", de Nayara Nunes Salbego propõe-se a examinar o conto Luz e sombra, do livro Morangos mofados. Analisa a questão do descentramento do sujeito, relacionando essa manifestação às condições do contexto autoritário da época.
Em "As influências na poesia de Aureliano de Figueiredo Pinto", João Luis Pereira Ourique estabelece um confronto entre as culturas que exerceram influência sobre a produção literária do poeta. Neste sentido, considera-se a situação particular do escritor inserido no território e na cultura do Rio Grande do Sul em relação à produção nacional e à aproximação geográfica e cultural com os países do Prata, fatores determinantes do sentido das influências sofridas por Aureliano de Figueiredo Pinto.
O último artigo, "Lugar de massacre, de José Martins Garcia, e Terra sonâmbula, de Mia Couto: olhares convergentes sobre o autoritarismo", de Evelise de Oliveira Bolzan e Inara de Oliveira Rodrigues, busca a desvelar na produção literária a representação da temática da guerra no cenário das lutas por independência das nações africanas em relação ao domínio português. Para tanto, estabelece-se uma análise comparativa entre os romances Lugar de Massacre e Terra Sonâmbula, considerando-se as relações entre história e ficção, tendo em vista a dimensão social e crítica da literatura.

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